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Confronto armado entre o Batalhão 88 e os guerrilheiros da Damba (2)
Por Dr. José Carlos de Oliveira.
Sentimos aqui a necessidade de dar um primeiro esclarecimento quanto à área dominada pelas elites zombo. A povoação comercial do Kibokolo
nunca foi atacada. Houve de facto uma cena de tiros, cerca da meia‑noite de um dos dias finais de Março de 1961, em que se pensou que umas luzes que se aproximavam, vindas do lado do Mavoio,
seriam a linha da frente dos guerrilheiros da UPA. O que se passou, na verdade, foi que os mineiros da Empresa do Cobre de Angola que viviam na área, também muito amedrontados, traziam os seus
gasómetros acesos e levantados ao alto, sobre as suas cabeças, a fim de avisarem os residentes da povoação comercial da sua presença. Os residentes assustadíssimos atiraram em direcção às luzes e
tudo não passou disso. Porém, a coberto da noite, eram arremessadas pedras para cima dos telhados e ouviam‑se assobios que deixavam os nervos dos residentes europeus em frangalhos.
Pelo que afirmámos anteriormente, nos primeiros tempos, a UPA deixaria o corredor de Maquela do Zombo, Damba e Camabatela, livre de ataques,
por interesses estratégicos.
Devemos acrescentar que, por volta de Junho 1961, justamente em Banza Pette, a povoação que delimitava o concelho de Maquela do Zombo,
pertencente ao concelho da Damba, houve uma enorme concentração de gente da UPA que se dirigia para o ataque à vila da Damba.
Esta aglomeração foi detectada pela aviação civil da D.T.A. As autoridades militares, em Maquela, foram avisadas via rádio (como as
comunicações eram em AM, os aparelhos de transmissão‑recepção da UPA tinham acesso às conversas). Saiu então da vila, uma coluna e aí sim, houve de facto confrontos. Um comerciante que
acompanhava a coluna, caiu de uma das viaturas, refugiou‑se no ainda alto capim e esgueirou‑se, rastejando pelos seus tufos. A coluna quando regressou a Maquela deu por falta do comerciante,
voltou atrás, sem grandes esperanças de o encontrar vivo. O espanto foi enorme quando chegados ao local da refrega e, nessa altura, já sem vivalma por perto deram com o europeu gritando, em cima
de uma árvore próxima da estrada.
Na defesa da povoação do Kibokolo tinham ficado oito pessoas, incluído o chefe de
posto. As mulheres já tinham recolhido a Maquela do Zombo, que, nessa altura, era um lugar aparentemente mais seguro.
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