Cólera faz vítimas mortais no Uíge
Por António Capitão
Duas crianças, uma com menos de um ano
e outra de cinco anos, morreram segunda-feira em consequência do surto de cólera que afecta a província do Uíge. Em declarações, ao Jornal de Angola, o chefe do centro de tratamento de cólera do
Hospital Geral do Uíge, afirmou que, neste momento, dezenas de crianças contaminadas recebem assistência médica naquela unidade hospitalar.
José Bernardo David disse que, até às dez horas de segunda-feira, mais de 80 pessoas infectadas com a doença deram entrada no hospital, “numero que pode aumentar nos próximos dias, tendo em conta
o alastramento da doença na maior parte dos bairros periféricos da cidade do Uíge”. Esclareceu que a morte das duas crianças teve a ver com a sua chegada tardia ao hospital.
Dos 86 casos registados na manhã de segunda-feira, 16 receberam alta, enquanto os restantes continuam sob cuidados médicos, apesar de apresentarem sinais de recuperação.
Mbemba Ngango, Caquiuia, Candombe, Pedreira, Quimacungo, Quissanga, Kungula, Dunga são os bairros da cidade mais afectados. No centro do Uíge também já foram registados alguns focos.
O chefe do centro de tratamento de cólera do Hospital Geral do Uíge disse à nossa reportagem que o consumo de água imprópria das cacimbas e rios está na base do surgimento do surto. Sublinhou
que, devido às constantes chuvas que caem insistentemente sobre a região, as águas pluviais arrastam o lixo e outros dejectos até aos rios e cacimbas, infectando-as.
“O consumo de água imprópria originou o surto que se regista na cidade do Uíge.As populações não têm tomado as medidas preventivas divulgadas pelas autoridades sanitárias, como tratar sempre a
água para beber e lavar as mãos antes e depois de comer”, disse José Bernardo David, acrescentando que a direcção do Hospital Geral do Uíge distribuiu brigadas para sensibilizar as populações da
região para as medidas preventivas e como identificar os sintomas da doença, além de procederem à distribuição de cloro para o tratamento da água.
O enfermeiro-chefe do Hospital do Uíge assegurou que existem medicamentos suficientes para atender o número de doentes internados, além da mobilização de um número considerável de médicos,
enfermeiros e pessoas de apoio para o asseguramento da assistência sanitária aos infectados. “São necessários mais medicamentos, porque ainda não conseguimos controlar a doença”, concluiu.
J.A