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20 Apr

Batalha da Damba - Testemunhas 2.

Publicado por Nkemo Sabay  - Etiquetas:  #Fragmentos históricos da Damba

Por Sebastião Kupessa.

 

Para o velho Nsoki que participou na Batalha como guerrilheiro da UPA, recorda que a independência de Angola não era a única motivação da revolta. O desejo da vingança constituiu também, um dos motivos que animaram os revolucionários angolanos. Com efeito, vinha de Luanda notícias que os angolanos eram mortos pelos portugueses, como medidas de retalhação aos ataques de 4 de Fevereiro de 1961.

 

Jonas M Savimbi numa entrevista à Revista Jeune Afrique Economique "Unita, edition especial" teria afirmado que as revoltas de 1961, não eram obras de partidos políticos, mas sim do próprio povo angolano que agiam em nome de movimentos de libertação e que estes últimos reivindicavam acções dos combatentes no terreno. O fundador da UNITA acrescenta ainda que o Holden Roberto era o verdadeiro conceptor e organizador da revolta de 15 de Março de 1961, mas que a sua execução no terreno não dependeu dele, mas sim do povo que tinha contas resolver com os colonialistas. Savimbi era Secretário Geral da UPA em 1961 (ao lado do Holden, a preparar a revolta ) e sabia o que estava a declarar. António Ninganesa que dirigiu as operações da UPA na revolta, estava ultrapassado com o amplor dos Massacres. O próprio Holden Roberto recusa de reivindicar nos primeiros dias a revolta, visìvelmente estava chocado com as imagens que mais tarde foi obrigado fazê-lo pelo Frantz Fanon, "senão O MPLA o faria". E dirá ainda, muito mais tarde aos jornalistas portugueses da RTP, que tudo que aconteceu apartir desta data "era a reacção do povo".

 

Nesta manhã de 17 de Abril, em reacção ao colonialismo que nacionalistas da Damba atacam a residência do administrador, não porque lá havia maior concentração dos colonos, mas no sub-solo do edifício havia um sinistro compartimento que servia de prisão, onde suponha-se haver prisoneiros. E o comandante tinha dado ordens, segundo o velho Nsoki, de penetrar no interior do edifício em todo custo para libertar os prisoneiros. Nas primeiras horas do ataque, os revoltosos dominaram a situação, obrigando os colonos estar na defensiva. Chegando mesmo há poucos metros do edificios, um nacionalista natural da aldeia Sala Mbongi, arranca a bandeira no mastro, símbolo do império lusitano num gesto do desprezo, vai  pisar a bandeira e depois faz com ela um embrulho lançando-a no ar, insultando os portugueses. Começam a gritar em kikongo: dibakamene! dibakamene! o que se traduz como: "temos a bandeira ou conseguimos a bandeira". Entoam canções revolucionárias, num instante ficam distraídos, desconcentrados mesmo. É o momento que vai aproveitar o chefe do posto de 31 de Janeiro (hoje Nsosso), que o Dr Camilo Afonso, identifica como sendo Baiano (ver Recordações da Damba. ), este acompanhado de um outro, que o velho Nsoki diz ser africano também,(Baiano era mestiço) que lhe cobria, chega perto do herói do dia, mata-o com um tiro da sua espingarda, cujo o sangue vai derramar na bandeira portuguesa, confisca-a, volta como veio desparecendo no novoeiro. Um dos combatentes que assistiu tudo que aconteceu com o homem corajoso, agora morto, certamente não compreendeu donde surgiu o Baiano e como despereceu, concluiu que eram obra dos demónios! Como a maioria eram superticiosos, o homem gritou: Matebo...! O pánico ganhou os que estavam a frente, o resto, sob o fogo intenso dos colonos, agora encorajados pelo gesto do Baiano, recuaram abandonando os mortos.

 

 

Se o edifício onde residia o administrador não tombou, o comandante vai ordenar a ocupação das aldeias da periferia da Damba, mantendo os colonos numa situação de sitiados, mesmo assim conseguiram de receber reforços vindos de Makela. Mas quem era o comandante que chefiou os independentistas na Damba? Não conhecemos  quase nada sobre ele. Dr Carlinhos Zassala, um dos responsávies da FNLA, que participou na batalha da Damba, nos informa na sua auto-biografia, que o valoroso nacionalista chamava-se Ilola.

 

A bandeira recuperada, tornou símbolo da guerra Anti-guerrílha, em que o então ministro de Ultramar exibiu num comício em Luanda,em Maio de 1961. A história da primeira batalha da Damba ficou imprimida nos manuais escolares, no livro da terceira classe, para servir de exempro a todos alunos do então império português. Enquanto que verdadeiro herói do dia, o que retirou a bandeira no mastro, continua no anonimato completo, ignora-se mesmo onde foi enterrado.

 

Consultam os seguintes vídeos:

 

 

 

 

 

A imagem em baixo, a esquerda com a bandeira, o Baiano, o Ministro do Ultramar e outro africano (não identificado) que cobriu o Baiano. Atrás da imagem os colonos que "defenderam" a vila Da Damba

 

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