As etapas para o Nkama Longo (Alambamento)
Por Sebastião Kupessa.
Para muitos,mesmo jovens descedentes bakongos,acham estranho,quando são obrigados pelos pais,o respeito da tradição,antes de fundar uma família.
Com a evolução das mentalidades, a observação de rituais para NKAMA LONGO, tornou-se absoleta mesmo inútil. Como na maioria dos casos, são os noivados que possuem o orçamento (ao contrário da sociedade antiga), para suportar a cerimónia matrimonial, estes ditam a sua vontade,e preferem muitas vezes ignorar as etapas propostas pelos familiares até chegar ao casamento pròpriamente dito, casam-se directamente. Para muitos bakongos radicais, o não respeito da tradição significa a perda da identidade, neste caso, boicotam a cerimónia.Isto tem originado conflitos da geração, em que muitas vezes os recêm-casados são amaldiçoados que nos tempos a seguir, o casal vai observar uma sucessão de infelicidades que pode terminar num divórcio prematuro. O que é triste.
Antigamente são os parentes que procuravam os futuros cônjugues para os seus filhos, obrigavam ou sugeriam aos seus filhos a aceitar as propostas. Neste caso os noivos não tinha nada que dizer, porque são os pais que possuiam e organizavam tudo. Mesmo a situação económica nos primeiros dias do casal, dependia dos fundos e presentes angariados no casamento. Era impossível a não observar ritual préparatório até chegar à cerimónia central, quer dizer a entrega do dote (Nkama Longo) da família do noivo a da noiva. Não esquecemos o último ritual, que há muito, não se pratica mais. O rito consistia a provar a virginidade da noiva, o primeiro dia do acto sexual, a tia paterna do noivo, vai estender um lençol branco no leito nupcial e vai assistir discretamente.Terminando o acto sexual, a referida tia é autorizada a entrar no quarto e tirar o tecido branco da cama e vai observar atentivamente e se haver as manchas de sangue, isto era a prova suficiênte que a noiva era virgem. Assim estava consumida oficialmente a união. Caso o contrário, anulava-se o casamento.
O dia de hoje pode-se muito bem,casar a maneira tradicional, porque uma sociedade sem usos e costumes, não pode existir. As etapas exigidas não são uma maratona interminável, é só ter paciência. Os valores monetários e os productos que a família da noiva pede são simbólicos. Mesmo que , em primeira vista, é exagerada, isto é para criar o clima para o diálogo, pois a sociedade bakongo prioriza o diálogo, o chamado Kinzonzi. Vamos analizar as etapas:
1- CARTA: Para quem tiver uma nomorada com a intenção de fundar uma família, a primeira etapa, consiste endereçar uma carta ao pai da futura noiva, pedindo oficialmente a "mão da filha". Esta carta será acompanhada com um valor monetário (as vezes com uma garrafa de whisky), que não tem preço unitário, isto depende do noivo. Geralmente o dia de hoje, são eceites os envelopes com valor em dinheiro que varia entre $150 e $350. O pai recebendo a carta, vai,necessàriamente conferir com filha, para saber por exempro ,a origem do noivo, entre outros motivos.J á em possessão das informações sobre o pretendente genro, o pai vai responder pela positiva ou negativa.
2 - KINZITIKILA: Caso o pai responder pela positiva, vai convocar o noivo para mais amplo conhecimento mútuo. O futuro esposo será acompanhado obrigatòriamente pela sua respectiva família (paterna como materna). Para a família do noivo, esta cerimónia é chamada KINZITIKILA, quer dizer "vamos confirmar a futura união, para que não haja mais outro pretendente". Teorìcamente diz-se: Vamos seguir a carta que enviamos para o nosso reconhecimento à família da noiva. É uma cerimónia preparatória para Nkama Longo (Alambamento) ,onde a famiíla da noiva apresenta a fatura para o pagamento em bens materias e em dinheiro. Caso a futura esposa, estar grávida antes do casamento, aplicar-se-á o provérbio: "Entrou na janela em vez da porta", nesta situação, o noivo é multado, um suplemento será incluído na lista que representa o preço global da transacção. A factura depende da qualidade da noiva. As que por exempro, concluiram os estudos médio ou superior. Custam muito, nesta classe de mulheres incluimos, as bonitas e ricas. Eis o que essecialmente exige a fatura para o dote (repito:os preços não são unitários e depende da negociação):
30 - Caixas de Cervejas , não há preferências de marcas (negociável).
2 - Fatos completos (incluindo sapatos,camisas e gravatas), um para o pai e o outro para o tio materno da noiva (não negociável).
2 - Tecidos de pano africano de qualidade, uma para mãe e outra para a tia paterna da noiva (não negociável).
2 - Garrafões (5 litros) de vinho tinto de preferêcia o melhor vinho português (não negociável).
1 - Grande panela para cozinhar (não negociálvel)
1 - Candeeiro de camping vulgo Petromax (não negociável).
2 - Bodes (Nkombo a Kimboko, não negociável)
O Nkama longo é a fatura do alambamento em dinheiro,o valor inicial pode começar a $4 000,00 (negociável).
3 - O NKAMA LONGO, é o dia da cerimónia pròpriamente dita, é dia da festa tradicional. As ambas famílias vão sentar na mesma mesa,discuntindo a fatura atravêz do kinzonzi, em plenária como em comissões (Fuando), neste caso, se haver negociadores com habilidade na família do esposo, pode-se reduzir o preço do alambamento de 4 mil para quatrocentos em moeda americana. Quando chegam a um entendimento comum, concluem negociações e celebram a união de duas famílias. Os noivos são chamados declararem-se fidelidade até ao fim das suas vidas. Assim presentar-se-ão às autoridades civís para legalizar oficialmente o casamente. Para os crentes a cerimónia terminará na igreja. Acabada todas as cerimónias, para agradecimento, a família da esposa, vai oferecer um cabrito a família do marido.
No artigo do Jornal "o País": O alambamento na tradição Bakongo, publicado aqui no site da Damba,fomos questionados,em comentários como em messagens privadas, sobre significado do alambamento no tempo de hoje. Em reacção,r espondemos que o presente artigo.