Ao Soldado nº.1 Bunga
Por Artur Méndes
O menino estava só, descamisado, calção roto, com olho fixo nos “carro-feito-jeep”. Carros que passavam lentos na lama da picada.
O menino não chorava, a lágrima secou. Foi a “puta-da-vida” que o abandonou!
“Boreia”, pediu. Não! Mas o carro de verdade “feito jeep”, parou. “Sodado” estendeu a mão e o sentou. Na marcha lenta, o menino, nada disse. Com o olho muito grande, enormemente fixo “nas armas”. Armas que não estas, as que sua mãe matou. Depois foram os tempos vividos no quartel.
O menino foi à caça, “sistiu” batuque, comia rancho e não “esquecia” da ginguba e da mandioca! O menino era “feliz” na vivência com os tropas: vestimo-lo com farda, armámo-lo com um pau feito canhangulo, amais um “quico-capacete” e, assim, criamos um “soldado”.
O menino Soldado Bunga, na Damba.
E fez jura à Bandeira. A Bandeira outra sonhada, com as “cor” dos céus, sete castelinhos de adobe: “aquelas cubatas” do seu povo, desenho de passarinho “das matas”, esvoaçando livre… na aldeia de sua Mãe.
Quer onde estejas, soldado n.º1 Bunga, enviamos-te um grande abraço de saudade.
( “Sodado” encontrado na picada do Bungo-Damba/ 1961