Por Miguel Kiame
A todos os meus amigos de coração, coincidentemente, meus conterrâneos, na sua maioria:
Aproximam-se, a velocidade cruzeiro, as Festas de Natal e Ano Novo. É por demais consabida a variadíssima teia de empreitadas e preocupações que por esta altura se assenhoreiam de todos nós!
Resolvi desviar-me à norma e, ao invés de mandar o tradicional cartão de felicitações, nos termos da velha civilização ocidental, decidi fustigar-vos, mais uma vez, com um discurso monocórdico, de todos conhecido, mas com a diferença de este não ser tão prolixo, porque a febre é sempre a mesma, o tema visto e revisto, as decisões embora já reiteradas milhares de vezes, as respostas aos apelos, porém, sempre tímidas, o nível de organização de tudo o que se planifica geralmente aquém do desejável, a expressão teórica do bairrismo e a consciência clara dos problemas sempre em alta, mas a participação e o efectivo engajamento para a resolução dos mesmos raramente se entroncam e, como é intuitivo, os resultados só se mostram visíveis com auxílio de uma generosa lupa.
Este foi o percurso que adoptamos em 2012, em tudo similar à postura de 2011, diferente pelo facto de, este ano, termos sido tão audazes que, em devido tempo, sacudimos a capota da nossa responsabilidade quanto ao sagrado compromisso que assumíramos voluntária e conscientemente de reverenciar a memória do ilustre D. Afonso Nteka. Do frei Graciano e de uns poucos “mindamba de gema”, veio, mais uma vez, o exemplo de fidelidade e perseverança para o compromisso contraído.
Imagem de mindambas em férias na vila da Damba (foto de Milton Kiame)
A propósito da expressão “mindamba de gema”, se formos rectos e fizermos jus ao conteúdo semântico da expressão, deveremos, humildemente, aceitar a despromoção de “mindamba de gema” para “mindamba de clara (em antítese à gema) ou de forma ou ainda de plástico, se quiserem).
Desculpem a frigidez do meu discurso, nada propício ao espectro festivo que caracteriza o Dezembro.
Muitos dirão: E que tenho eu a ver com isso? A esses reitero o meu pedido de desculpas porque, decididamente, a mensagem foi encaminhada para destinatário errado.
Outros dirão: Mea culpa! Sim, a esses (onde me incluo), destinei a mensagem e a eles quero exprimir a minha convicção de que “quando tudo se perdeu ainda resta o futuro”. Ainda temos futuro para Damba, o comboio não parou. A estação está bem próxima de nós: apressemo-nos porque é tarde. Eu estendo a minha mão e procuro companhia, gente comprometida, audaz e pragmática. Façamos da Damba a vila graciosa do norte de Angola.
Outros ainda dirão: Mas eu já apanhei o comboio, estou comprometido de corpo e alma. Bem haja, para esses a quem solicito que nos deem a mão e nos transmitam a experiência: Queremos viver e sentir a Damba como eles a vivem e a sentem.
Caríssimos,
A todos, às queridas famílias, Um Santo Natal e Ano Novo muito próspero, no contexto pessoal, familiar, profissional e no engajamento solidário e firme às causas da nossa terra.
Neste Natal, eu estarei na Damba, e tu?
Melhores Cumprimentos