A origem de (Ma)bacha ou Mazumbo

Por Camilo Afonso Nanizawu Nsaovinga (*)

Estas Mabaxa, ou melhor Mazumbu, não são nada mais, nada menos do que os primeiros espaços territoriais ocupados pelos nossos antepassados, Mfumu-za-Makanda, pais fundadores das nossas actuais linhagens matrilineares, já que a sucessão é pela parte materna. Estes foram os primeiros povoamentos da gente da Ndamba até a chegada dos europeus. Logo, as Mabaxa levam os nomes da Kanda, Nvíla, etc. Quem não tem Zumbu na Ndamba, tem se perguntar o porquê! Makwaia viokele!

 
Com a presença portuguesa nestas paragens e com a abertura das estradas, as populações foram obrigadas a deixarem estes antigos Ma-zumbu e virem se estabelecer nas proximidades das estradas. Estes novos espaços passaram a ser designados por Mabunda. Mabunda, porque passaram a congregar várias linhagens aproximadas, ou por alianças. A título de exemplo temos aldeias com vários nomes internos, caso da Kazumbi, Kimazebo, Kissakala, Luzwanda, etc.

As populações foram obrigadas a construir a beira da estrada, deixando os mazumbos, o seu habitat natural

Quem conhece bem estas aldeias, procura saber quantas linhagens as formam. Nestas aldeias há várias linhagens e o Mwinguilo surge precisamente para delimitar os espaços de cada família, mesmo vivendo na mesma aldeia. Razão de Mbanza - a cidade africana por excelência.

E para se delimitarem estes Mwinguilo, plantavam Mpuluka ou Massinda - ma- mputu. E outros meios para servir de sinalização. Com a guerra de libertação nacional, e porque estas aldeias foram incendiadas, surgiram as novas composições de aldeias que hoje temos.

Mas, mesmo assim são respeitadas as linhagens fundadoras destes espaços em termos de procedência, isto é, daqueles que foarm os primeiros a chegar no espaço, os donos de Nsanda-a-Vata. Outro assunto a merecer outro tratamento a posterior.

 
Chegados aqui penso que estamos a fazer o exercício socioantropológico das origens das nossas Makanda, Nvíla,e o porque destas junções numa mesma aldeia.porque há linhagens que também não se cruzam desde das suas origens. Elas se conhecem muito bem,e por esta via também se pode compreender as razões dos casamentos entre as diferentes linhagens.

                                                                                         Fonte: Grupo ANADAMBA/Facebook

(*) Director da Casa de Cultura de Angola no Salvador de Bahia, Brasil. Historiador e Docente universitário. É mundamba do Kinkosi e antigo professor da Escola primária da Missâo Católica da Damba.