Katuzeko Kaboco, presente!
Por Miguel Kiame
Ao longe, vislumbra-se a nova morada definitiva de Katuzeko Kaboko, Regedor que como dita a descrição da sua função, aglutinou, guiou e destacou, como poucos, as bitolas de orientação social do seu povo.
De igual modo, rasgou os recantos do seu 31 de Janeiro a luz de candeeiros de petróleo, passeando a sua classe de dançarino de recortes gestuais refinados ao som de gjradiscos e emprestando vida e alegria aos seus contemporâneos.
Abro esta pagina da sua vida para recordar que Katuzeko Kaboko era também “ um bom vivant” que criou a sua volta circuitos frenéticos e excitantes do divertimento nocturno, muitas vezes ao ritmo de batucadas de latas improvisadas regidas magistralmente pelo senso criativo de crianças, sempre ao seu redor.
Este seu lado jocoso, aliado à pertinência do escrúpulo no cumprimento do dever, tornou-o uma individualidade especial transversalmente querido por todas as gerações.Sábado, 11de Fevereiro de 2017, foi mais um dia de reflexão e recolhimento espiritual do seu povo.
Realizou-se, na capela da aldeia, a missa evocando a memória do trigésimo dia do seu desaparecimento físico. Mesmo com a ausência notória de muitos dos seus filhos biológicos, o povo, os amigos alguns deles vindos de propósito de Luanda e outras localidades abarrotaram a pequena Capela local, numa acção de graças comovente e convincente pela retórica da homilia bilingue do Frei Ingo.
As leituras bíblicas do dia sugeriam o convite a realização de pequenos actos no nosso quotidiano cuja expressão mais alta se traduz no amor ao próximo. A vida de Katuzeko Kaboko foi, sem sombra de dúvidas, um autentico hino à partilha do pouco que possuía com o próximo. O Regedor é um exemplo irrefutável de vida porque toca a todos nós, sem excepção.
Katuzeko Kaboco, presente!