Bom preço do café estimula o mercado
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Por Antonio Capitão
O aumento do preço do café em cerca de 90 por cento renovou o ânimo dos produtores do Uíge, disse ao Jornal de Angola o director provincial do Instituto Nacional do Café (INCA),Vasco Gonçalves.
O quilo do café mabuba subiu de 60 para 100 kwanzas e o café comercial, vendido a 160 em 2015, é comercializado a 300, o que motiva os cafeicultores e atrai novos operadores para o sector.
‘‘Estamos, aos poucos, a cumprir os nossos objectivos que são a valorização do café no mercado local e nacional. Este ano, o preço de comercialização do produto quase que duplicou e os produtores estão mais motivados para continuarem a actividade, tendo em conta que já começam a obter rendimentos suficientes para custearem as despesas
com a capina, colheita, transporte e o sustento da família’’, disse.
Vasco Gonçalves, que falava a propósito da abertura da campanha de colheita do café na província, na fazenda ‘‘Nova Esperança’’, disse que se prevê, este ano, a colheita de seis mil toneladas de café mabuba, o equivalente a três mil toneladas de café comercial.
O director provincial do INCA sublinhou que a presença de mais compradores, o aumento do preço e os apoios financeiros dos comerciantes aos produtores contribuem para o aumento da produção. O Uíge tem cerca de dez mil cafeicultores, dos quais 8.500 estão cadastrados no instituto. Deste número, apenas 462 produtores já tiveram apoio financeiro de um empresário.
O Executivo desenvolve um programa para canalizar financiamentos junto das instituições bancárias para os cafeicultores, com vista a intensificar a produção e retomar a exportação. Novas mudas estão a ser distribuídas aos produtores familiares, para substituir as plantações envelhecidas.
Bom mercado na RDC
O vice-governador provincial para o sector Técnico e Produtivo, Afonso Luviluko, que procedeu à abertura da campanha de colheita do café no Uíge, apontou a República Democrática do Congo como um mercado aberto ao café angolano, devido à presença de muitos compradores europeus e asiáticos.
Afonso Luviluko reiterou a continuidade dos apoios do Governo do Uíge aos cafeicultores para que a cultura recupere os níveis de produção e seja a principal mercadoria de exploração da província.
“Vamos desenvolver programas dirigidos para o financiamento dos produtores de café na região, com vista a revitalizarmos a produção e alavancar a economia da província. Estamos a influenciar as instituições bancárias para haver uma maior abertura no financiamento aos cafeicultores para que estes produzam mais”, disse.
Financiamento garantido
A Zicai Grupo, uma empresa de direito angolano, tornou-se, este ano, na principal compradora de café no Uíge, ao ultrapassar a Angonabeiro, que liderou o mercado local nos últimos anos.
Além da compra do produto, a organização comercial financia a capina, colheita e transportação para os locais de venda.
Raul Mazetto, director da Zicai Grupo, disse que já foram investidos, este ano, mais de 13 milhões de kwanzas em 462 produtores e que a empresa prevê alargar esta linha de financiamento para 50 milhões até 2017, para aumentar a produção e criar infra-estruturas nas fazendas, para facilitar o processo de capina, colheita, transportação e comercialização.
A empresa pretende comprar três toneladas de café mabuba, este ano, e instalar uma unidade de processamento do produto para que o mesmo seja exportado já como produto acabado. Detentora da marca “Ango-Café”, transforma o café do Uíge no estrangeiro e já exporta para o Koweit, Qatar, Emirados Árabes Unidos e Líbano.
“Em Outubro, vamos concluir a instalação de uma unidade industrial para descascar, torrar, moer e ensacar aqui no Uíge o café, para que seja exportado como produto acabado e internacionalizar ainda mais a marca ‘Ango-Café’”, disse.
Produtores satisfeitos
Ernesto Massala, proprietário da fazenda “Nova Esperança” disse, em nome dos cafeicultores da província, que o aumento do preço do café mabuba e comercial traz um valor acrescentado para os produtores e que agora se sentem motivados a produzir mais.
A fazenda “Nova Esperança” tem 250 hectares, dos quais 75 com café. Ernesto Massala prevê colher, nesta época, 11,25 toneladas de café mabuba. Tem ainda 700 mudas de cafeeiro no viveiro para ampliar a área de produção do café. O fazendeiro pediu mais apoios do Governo e a abertura de instituições bancárias na região.
“Por falta de dinheiro para contratarmos mão-de-obra para a colheita e adquirirmos viaturas para escoarmos a nossa produção, a maior parte do café estraga-se na mata. O nosso principal objectivo é mecanizar a nossa produção para produzirmos mais e contribuirmos para que a província recupere a liderança na produção do bago vermelho no país”, concluiu.