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Portal da Damba e da História do Kongo

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Página de informação geral do Município da Damba e da história do Kongo


Região do Bembe renasce das cinzas

Publicado por Muana Damba activado 17 Abril 2016, 17:15pm

Região do Bembe renasce das cinzas

Por António Capitâo

Em 2002, ano em que Angola alcançou a paz definitiva, existiam na vila municipal do Bembe, a 158 quilómetros da cidade do Uíge, apenas três residências que resistiram ao conflito armado que assolou o país durante três décadas.

Do resto da antiga vila sobraram apenas escombros e a maior parte da população abandonou a região em busca de melhores condições de vida na cidade do Uíge e na capital do país, Luanda.

Os que decidiram permanecer na localidade viviam em casas feitas de adobe e cobertas de capim. As crianças estudavam ao relento e os serviços de saúde eram quase inexistentes. Com o advento da paz, os tectos de capim começaram a ser substituídos por chapas de zinco, lusalite e telhas.

A vida na vila do Bembe começou a reanimar-se. Os habitantes arregaçaram as mangas e impuseram maior dinamismo à agricultura. O cultivo da mandioca, banana, batata-rena e doce, ginguba, feijão, abóbora, legumes e óleo de palma em breve ganhou alento proporcionado pela situação de paz.

A actividade comercial ganhou outro ritmo e tem permitido que a população consuma, além de alimentos do campo, produtos manufacturados pela indústria agro-alimentar, vestuário e calçado e electrodomésticos. A juventude está melhor informada com a instalação de um centro retransmissor da Rádio Nacional de Angola, sinal da TPA e o Jornal de Angola também já chega às mãos dos leitores resistentes naquela localidade.

O uso das novas tecnologias de comunicação e informação já não é novidade para os munícipes. Há antenas parabólicas em muitas residências. No município do Bembe foram erguidas infra-estruturas sociais e instalados serviços públicos essenciais. As populações ­locais não escondem a satisfação por tudo quanto tem sido feito, embora a conclusão de algumas obras de reabilitação, como a asfaltagem da estrada que liga o município à cidade do Uíge, continuem a ser aguardadas com ansiedade.

Novas residênc
ias

No âmbito das comemorações dos 14 anos de paz, foram inauguradas no município várias infra-estruturas sociais. O governador provincial, Paulo Pombolo, entregou as primeiras 68 residências do tipo T3 construídas pelo programa de construção de 200 fogos habitacionais.

O bairro confere uma nova imagem à vila, com a substituição das casas de adobe e de pau-a-pique por moradias modernas.
O jornalista da TPA Yaba Rosinho, que recebeu das mãos do governador provincial do Uíge as chaves da moradia construída na sua terra natal, vai pagar o imóvel através do sistema “renda resolúvel” dentro de um prazo de 25 anos.

Feliz com a residência, Yaba Rosinho lembra que, antes, sempre que visitasse a região, acomodava-se em casa de familiares. “É com bastante alegria que vejo a minha terra a renascer dos escombros da guerra e a trilhar caminhos seguros para o desenvolvimento. Bembe está a evoluir de vila para cidade. Agora, tenho aqui a minha casa própria e moderna na terra que me viu nascer, tudo graças à paz e ao trabalho desenvolvido pelo Executivo angolano."

O funcionário público Eduardo Pedro também recebeu as chaves de uma residência e lembra os tempos difíceis que ele e muitos outros trabalhadores da localidade enfrentaram com a falta de espaços condignos para acomodação.

“Há alguns anos têm sido melhoradas as condições de trabalho dos funcionários públicos. A falta de habitação era uma das principais preocupações de todos nós. Hoje, recebo uma casa construída com material adequado à realidade da nova Angola em paz e em crescimento”, sublinhou.

Ainda na vila do Bembe, Paulo Pombolo inaugurou um Centro Infantil Comunitário com quatro salas de aulas, gabinetes administrativos, refeitório, balneários, quadra polidesportiva e um espaço para recreação e lazer das crianças. Outros espaços públicos foram abertos à população, que tem ao dispor serviços administrativos melhor acomodados em novas instalações.

E se os jovens demonstravam contentamento ao receber equipamentos desportivos, as camponesas da comunidade do Bonde rejubilavam com a nova moagem, onde vão agora transformar mandioca em fuba de bombó. Bembe tem um novo jardim municipal, situado no centro da vila.

O espaço, com relva, flores e árvores, é o novo cartão postal da localidade.

Mais água

As aldeias de Masserere, Guole, Sangui, Bonde e Toto já consomem água potável. No passado, os moradores destas localidades percorriam longas distâncias para se abastecerem nos rios e lagoas.
Em Masserere, Guole e Toto, o vice-governador provincial para o Sector Económico, Carlos Mendes Samba, procedeu à inauguração de furos artesianos para a captação da água, e no Bonde e Sangui estreou as torneiras dos novos chafarizes e lavandarias comunitárias.

“Com a abertura dos chafarizes na nossa aldeia, ficam para trás as longas caminhadas até ao rio N’Kaba, a cerca de três quilómetros, onde a população acarretava água. Projectos como estes devem ser executados em todas as localidades para melhorar as condições de vida da população e prevenir doenças que podem ser causadas pelo consumo de água imprópria”, disse Maria Makiesse, moradora da aldeia Guole.

Redobrar o trabalho

A administradora municipal, Maria Manuela Cardoso, disse que mais projectos vão ser edificados no Bembe, apesar da situação económica actual. Como prioridades, apontou o reforço das redes escolar e de saúde, além do abastecimento de água potável e electricidade, além da construção de moradias.

“O município do Bembe possui enormes potencialidades mineiras, como é o caso do cobre, cujo filão passa sob a vila, recursos hídricos e solos aráveis que, explorados convenientemente, podem servir de sustento para o desenvolvimento da região e garante de ­melhores condições de vida dos seus habitantes. Aguardamos com entusiasmo a conclusão das obras de reabilitação e o asfaltamento da estrada para uma melhor circulação de pessoas e bens, assim como a mecanização da actividade agrícola para uma produção em maior escala”, disse.

Preservar a paz

Durante o acto de massas que marcou o 14.º aniversário da paz e reconciliação nacional na vila do Bembe, o governador provincial Paulo Pombolo considerou ser obrigação de todos os angolanos preservarem este ganho de todos angolanos.

“A paz em Angola é permanente e definitiva. Deve ser preservada por todos nós, sem olhar para as cores partidárias, credos religiosos, ideologias políticas, uma vez que foi alcançada apenas pelos angolanos, sem a necessidade do recurso a mediação internacional. A guerra, que durou cerca de três décadas, atrasou o desenvolvimento do país”, referiu.

Paulo Pombolo enumerou vários progressos alcançados na província nos 14 anos de paz. Referiu que, em 2002 estavam matriculados apenas 200 mil crianças. Esse número duplicou este ano. A província tinha apenas seis mil professores e agora tem 14 mil. O número de enfermeiros passou de 170 para 500 e mais de 100 médicos asseguram a assistência médica à população.

O governador provincial destacou o aumento do número de estudantes universitários com a criação de mais cursos na Universidade Kimpa Vita e no Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) e pediu à população um maior envolvimento no processo de diversificação da economia através da transformação da agricultura de subsistência para a de maior escala com vista a reduzir a importação dos bens do campo.

Via JA

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