Abordagem sobre sexo é tabu nas famílias
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Por António Capitão
A directora provincial da Família e Promoção da Mulher no Uíge, Catarina Domingos, lamentou sexta-feira o facto de a sexualidade ser ainda um tabu na educação dos filhos pelas famílias.
Catarina Domingos, que falava durante uma palestra subordinada ao tema “A Gravidez Precoce na Adolescência e Suas Consequências nas Aulas”, na escola do I ciclo do ensino secundário do bairro Kilamba Kiaxi, manifestou preocupação com o aumento dos casos de gravidez precoce no presente ano lectivo.
A directora da Família e Promoção da Mulher disse que a falta de diálogo com os filhos sobre questões ligadas à sexualidade tem contribuído para que muitos adolescentes tenham uma vida sexual activa mais cedo e, em consequência da desinformação, são cada vez mais os casos de gravidez e casamento precoce.
Catarina Domingos disse que a gravidez precoce é um dos principais motivos que leva raparigas a abandonarem os estudos, adiando o sonho de se tornarem mulheres com competências académicas e profissionais desejadas pelas famílias e a sociedade.
A responsável apelou às famílias a reforçarem o diálogo com os filhos sobre a sexualidade, para evitarem a gravidez precoce e doenças contagiosas.
“Em caso de gravidez precoce, os pais devem dar os devidos apoios para que as meninas não se sintam abandonadas e possam continuar a formação académica e profissional”, aconselhou a directora.
Desta forma, acrescentou, vai ser possível reduzir também os casos de fuga à paternidade por parte dos rapazes e desistência do ensino para procurarem sustento para a nova família, através de trabalho ocasional.
“A gravidez traz consigo muitas moléstias e complicações, como debilidades físicas e transtornos psicológicos, pelo facto do corpo de uma mulher adolescente não estar capacitado para estes choques, o que faz com que muitas desistam das aulas. Depois do parto, elas ainda devem cuidar dos bebés e de seguida procurar sustento para eles, uma vez que as famílias as abandonam. Nalguns casos, os pais das crianças não assumem as suas responsabilidades.
Dados revelados pelo director da escola do I ciclo do ensino secundário do bairro Kilamba Kiaxi, Pedro Garci, dão conta que neste ano lectivo foram matriculados 1.437 alunos, dos quais 800 são raparigas com idades compreendidas entre os 12 e 18 anos. “Deste número de raparigas adolescentes pelo menos 100 engravidaram”, destacou.
Em relação à violência contra a mulher, a directora provincial revelou que de Janeiro a Outubro foram registados 283 casos.
Entre os casos, Catarina Domingos destacou 31 registos de fuga à paternidade, 17 de incumprimento de mesada, 50 de abandono do lar, 15 desalojamentos e 70 privações de bens. Foram também registados 41 casos de violência física, sendo 39 ofensas corporais e duas agressões com arma branca.
Ameaças de morte, ofensas morais, privação de liberdade, adultério e chantagem constituem os casos de violência psicológica, com um total de 59 ocorrências, sendo a maioria cometidos contra mulheres.
Via JA