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16 Aug

Criação de zona franca abre novos horizontes

Publicado por Muana Damba

Fotografia: Mavitidi Mulaza | Uíge
Fotografia: Mavitidi Mulaza | Uíge

Por Antonio Capitão

A criação de uma zona franca junto à fronteira com a vizinha República Democrática do Congo aumenta as perspectivas de desenvolvimento de Maquela do Zombo, município da província do Uíge, que a 3 do corrente assinalou o 104º aniversário da ascenção à categoria de vila.

A viagem de cerca de 290 quilómetros, do Uíge a Maquela do Zombo, foi cómoda e durou apenas três horas porque a estrada está toda asfaltada. Logo à entrada da vila, era possível notar o ambiente festivo.As ruas estavam decoradas com luzes coloridas, com tendas e barracas de comes e bebes, além de roupas e outros bens de ocasião.


Os recém-chegados podiam escolher entre táxis e moto-táxis. Os condutores das motorizadas vestiam colectes com faixas reflectoras da Associação de Moto-taxistas de Maquela do Zombo, todos de capacete.


A orientação baixada pelos responsáveis associativos aconselhava a uma condução prudente, de modo a garantir a segurança dos passageiros, ávidos por desfrutar das festas da cidade.


O administrador municipal, Benji Henriques, disse ao Jornal de Angola que esta edição das festas da cidade tinha como princípio o diálogo com os munícipes, que englobam a definição da data real da fundação da vila e a procura de soluções para os vários problemas sociais e económicos ainda vividos em Maquela do Zombo.


Benji Henriques disse ainda que as perspectivas do município são boas e citou, como exemplo, a futura zona franca a ser criada no mercado de Masseke, a 11 quilómetros do posto fronteiriço de Kimbata, que vai contribuir para o aumento das trocas comerciais com a República Democrática do Congo e aumentar as receitas tributárias e oportunidades de negócios para os habitantes locais. “O posto aduaneiro e a futura zona franca de Kimbata vão contribuir para o aumento da capacidade tributária do munícipe e da renda familiar e garantir a melhoria do nível e qualidade de vida das populações”, referiu.

Progresso socioeconómico

Desde 2003 que o município de Maquela do Zombo tem registado progressos nos mais variados sectores. A região possui agora 111 escolas, algumas construídas com material local nas comunas.
Existem 400 professores, que garantem o processo de ensino e aprendizagem da iniciação ao segundo ciclo do ensino secundário. Referiu que está prevista a construção de escolas nas aldeias junto à fronteira com a RD Congo, cujas crianças são obrigadas a estudar neste país vizinho, sendo influenciadas pela língua e cultura estrangeiras.


O sector da Saúde está a expandir-se e a tornar-se mais abrangente com a construção de mais postos de saúde nas comunas e aldeias, e a criação de equipas sanitárias móveis e avançadas. Além do velho Hospital Municipal, existem 22 postos de saúde e aguarda-se a construção de uma nova unidade de referência na sede municipal. Os cuidados de saúde são garantidos por cinco médicos e 84 enfermeiros, números considerados irrisórios pelo administrador municipal, que reclama por mais 20 médicos e 216 enfermeiros.
“Há um grande esforço para a humanização dos serviços de saúde. Queremos desencorajar a população a irem à RDCongo em busca de assistência médica, uma vez que o tratamento médico ali prestado não difere do nosso.


Em contrapartida, em Maquela do Zombo há assistência médica gratuita, unidades melhor equipadas e com medicamentos suficientes”, sublinhou.


A agricultura é outro sector com bons indicadores de crescimento. Há um maior incentivo à produção familiar e à criação de cooperativas e associações de camponeses.


Os mercados e unidades comerciais vendem cada vez mais produtos locais. Estão registadas 80 associações de camponeses, cuja principal reclamação é relativa à concessão de créditos, por forma a aumentarem a produção.O município é o principal produtor de peixe na província, com sete projectos de piscicultura já em execução, dos quais se destaca o de Kibokolo, onde existem cerca de 40 tanques para a criação de tilápias e bagres, com capacidade para 25 mil peixes cada.

Boa energia

No município de Maquela do Zombo está instalada uma subestação eléctrica com capacidade de produzir 10 megawattes, que fornece energia às residências, iluminação pública e para o funcionamento de várias infra-estruturas socio-económicas.


Da capacidade instalada, apenas 1.8 megawattes são consumidos. A instalação de mais unidades fabris é bem-vinda para um maior aproveitamento deste recurso disponível.


Está em construção o sistema de captação e tratamento de água e a rede de distribuição para 500 derivações, a partir do rio Luidi, próximo da sede municipal.


O projecto inclui um tanque reservatório aéreo com capacidade para 150 mil litros.Está prevista a construção de 50 fontanários e lavandarias públicas. De momento, existem 11 pequenos sistemas de captação e distribuição de água em algumas localidades.

Origem e evolução

No livro “Makela do Zombo – Origem e evolução histórico-social”, da historiadora Constância Ceitas, do psicólogo Dissengomoka Alexandre e do antropólogo Manzambi Fernando, obra apresentada no dia 8 de Agosto à população daquele município, os autores afirmam que a ascensão da localidade à categoria de vila aconteceu a 3 de Agosto de 1911. Na página 14 da referida obra de investigação, os autores justificam a data através do relatório do então Governador do distrito, o primeiro-tenente da marinha portuguesa José Cardoso, composto e imprenso na Imprensa Nacional de Angola em 1912, como fonte escrita comprovativa da elevação de Maquela do Zombo da categoria de posto militar a sede da circunscrição.


“Foi em 3 de Agosto de 1911 que a administração de Maquela do Zombo deixou de ser confinada a uma simples delegação a favor das forças ocupacionais e foi elevada à categoria de sede da circunscrição”, disse o antropólogo Manzambi Fernando, que fez a apresentação síntese do livro.


A referência mereceu consenso entre os presentes para a indicação da data definitiva da fundação da vila dos Muzombos. Segundo os autores, além das pesquisas em arquivos documentais em vários países, como Angola, Itália, Portugal e outros, também obtiveram informações úteis de fontes orais e se dedicaram a conhecer o “lusansu” (história) e o “kinkulu” (cultura) como outros métodos investigativos para concluir a investigação publicada no livro.
Na obra, Constância Ceitas, Dissengomoka Alexandre e Manzambi Fernando revelam que os povos Zombo surgiram da dispersão dos reinados da régua de Nkusu Mafinda, dando origem a outras áreas habitáveis, onde hoje estão situadas a sede municipal e as comunas de Kibokolo, Mbeu, Kuilo Futa e Kisacandica.A separação dos clãs associados em Nkusu Mafinda partiu, sobretudo, de dois princípios da tradição congo, o primeiro dos quais refere que “Nkosi zole kazilendi vetela mfinda mosiko”, que significa “dois leões não podem caçar na mesma floresta”, e o segundo “Mfumo zole kazilendi yadila vakimosiko”, o mesmo que “dois reis não podem reinar no mesmo espaço”. A História reza ainda que, aquando da chegada da primeira expedição militar portuguesa àquela região, vinda de Mbanza Congo e passando pelo Cuimba, após descer a serra da Kanda encontrou os povos então designados Muzombos, que se dedicavam à caça, pesca e agricultura, cuja crença estava assentada no “Nzambi Ya Mpungo”.


De acordo com a Portaria número 19.076 de 15/3/62 do Boletim Oficial número 13/62 que permitia conceder Escudos, Armas e Brazões à localidades,


Maquela do Zombo foi primitivamente Posto Militar com o nome de Mbonge, criado em 31 de Janeiro de 1896, e em 1911 passou a sede da circunscrição do Zombo.


Em 1915, foi criada a Circunscrição Civil de Maquela do Zombo e em 1917 foi sede do Distrito do Congo, aquando do desmembramento deste Distrito e a criação do Enclave de Cabinda. Mais tarde passou a sede do Conselho do Zombo.

Via JA

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