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13 Jul

Uíge em busca da diversificação, falta de créditos “amarra”sector privado

Publicado por Muana Damba  - Etiquetas:  #Notícias do Uíge

Por David Filipe

O Executivo da província do Uíge reconhece que a actual situação económica da província requer a tomada de atitudes e acções que contribuam para o processo de diversificação da economia. É difícil diversificar a economia enquanto o sector privado continuar “amarrado”.

O comerciante António Panda está preocupado com o momento que se encontram os seus negócios. Há duas semanas que as coisas lhe correm mal na loja. “Não há clientes. E quando há preferem ir comprar na loja do meu vizinho Ali de nacionalidade libanesa”, reclama.



A loja deste jovem comerciante está “com poucos produtos” o que não leva os clientes a escolherem-na para fazer compras nesta loja. “Pedi um crédito, mas não tive sucesso. Agora vou alugar a loja a um estrangeiro e vou para o campo produzir”, projecta.


O seu vizinho Santos Panzo tem os mesmos problemas. Recorreu a uma instituição bancária, mas também não conseguiu.“Assim como é que vamos potenciar o sector privado no ramo do comércio”, questiona o comerciante que também pensa já em desistir.


Enfim, estes são apenas dois exemplos dos que afligem milhares de comerciantes na província do Uíge que encontram dificuldades para desenvolverem as suas actividades comerciais.


Pese embora a situação, as autoridades da província do Uíge querem melhorias no que diz respeito à presença de investidores nacionais e estrangeiros tendo em vista o desenvolvimento da região.


A actual situação económica da província requer a tomada de atitudes e acções que contribuam para o processo de diversificação da economia. O desenvolvimento do sector privado na província do Uíge é ainda bastante incipiente. Exceptua-se o evidente crescimento da actividade comercial da zona urbana, principalmente na sede da província.

O comerciante Panzo Pedro acredita na melhoria do sector privado.“O que falta neste momento são créditos bancários. De resto as pessoas têm vontade de trabalhar”, disse.

O panorama de alguns municípios não favorece o comércio nem a agricultura empresarial. Na opinião do comerciante Amadeu José, a situação já está a melhorar com a reabilitação das estradas que ligam a cidade do Uíge e municípios. “Neste momento nota-se o desenvolvimento dos municípios, porque as estradas já oferecem as condições necessárias para o transporte das mercadorias”, elogiou.


A melhoria das infra-estruturas com estradas, fornecimento de água, energia eléctrica e comunicação, e o aumento das instituições bancárias encorajam alguns investidores nos
vários sectores da economia.

O panorama de alguns munícipios não favorece o comércio nem a agricultura empresarial.

De modo geral, o sector empresarial da província encontra-se descapitalizado e depara-se com sérias dificuldades para aceder a créditos bancários.


Apesar das dificuldades, alguns segmentos empresariais procuram o seu espaço, aproveitando as oportunidades que o contexto oferece. Até 2002 o comércio era desenvolvido principalmente pelo mercado informal e em quantidades insuficientes para satisfazer a enorme procura de bens e serviços por parte das populações.

“Agora já temos muitos supermercados, lojas e outras infra-estruturas comerciais”, gaba-se um integrante do Executivo local. A gama de produtos de consumo oferecidos pelos comerciantes é igualmente abundante.

“O grande problema é a falta de dinheiro” resumiu a camponesa Maria António que vende banana no mercado municipal do Uíge. Uma outra situação que preocupa as autoridades no Uíge é o controlo quase absoluto do comércio por parte de estrangeiros. “Os comerciantes estrangeiros tomaram conta dos pequenos negócios que deveriam ser área exclusiva dos nacionais. Sem margem de manobra, os comerciantes angolanos cedem os respectivos alvarás aos estrangeiros”, reclama o antigo comerciante Domingos Pedro.

Os estrangeiros ilegais e legais no Uíge têm muita facilidade para ganhar dinheiro, fruto da fragilidade da classe empresarial do país. O crescente aparecimento de comerciantes estrangeiros no ramo de prestação de serviços, comércio precário e informal, com maior incidência para as casas de reprodução fotográfica e cantinas, preocupa as autoridades locais.


Como consequência, os comerciantes angolanos estão a falir, o que os leva a ceder os respectivos alvarás comerciais aos não nacionais. Uma prática à margem das normas que regulam a actividade comercial no país.

No Uige verifica-se também a existência de estabelecimentos comerciais de cidadãos angolanos explorados por estrangeiros de várias nacionalidades em regime de sub-aluguer, tanto de instalações, como de documento de licenciamento da actividade comercial.

A transformação de residências em estabelecimentos comerciais em áreas impróprias para determinado tipo de comércio, aliado à falta de extintores de incêndio e à existência de casas de banho inadequadas para recintos comerciais é uma realidade.

Notou-se uma inobservância da legislação comercial vigente, sobretudo na especialização da venda de mercadorias nas zonas urbanas por parte dos comerciantes estrangeiros, o que tem levado ao indeferimento de pedidos de averbamento e de emissão de alvarás comerciais.


O economista Salomão Vasco disse ao Novo Jornal que para o arranque da economia da província são essenciais os créditos bancários aos produtores visando a recuperação das capacidades produtivas e de prestação de serviços.

“É necessário o relançamento das actividades económicas possibilitando a retenção da poupança no banco e, consequentemente, a concessão de financiamento para o investimento local, permitindo assim a rotação de capital bancário”,opinou.


Segundo ele, o enquadramento orográfico da província e as suas condições ecológicas, caracterizam-na como de vocação agrícola, pecuária silvícola e piscícola. “As características ecológicas e a abundância de água, além de proporcionar condições ideais para a
cultura do café, conferem à província vastas possibilidades de atingir um nível de ampla diversificação agrícola em todo o seu território, desde que haja um apoio substan-
cial”, acrescentou.

Via Novo Jornal

A Cidade do Uíge. Imagem de artigo

A Cidade do Uíge. Imagem de artigo

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