Bago vermelho gatinha
Por David Flipe
"As pessoas nâo querem produzir o café porque não há incentivos"
Gigante no passado e agora a gatinhar para tentar posicionar-se, o sector do café continua ainda de patas para o ar. As queixas são as mesmas: Falta de financiamento para relançar a produção.
As estatísticas não animam os produtores. A produção de café no Uíge subiu de 200 toneladas, nos anos anteriores a 2002, para nove mil no ano passado, segundo o Instituto Nacional do Café. “É uma vergonha esta realidade. As pessoas não querem produzir o café porque não há incentivos”, lamenta o produtor José João.
De acordo com INCA em 2014, a produção foi de três mil toneladas de café comercial e seis mil toneladas de mabuba. Reza a história que, em 1976, a província produzia 60 mil toneladas de café comercial, possuía 3.379 fazendas, das quais mil e 700 pertenciam ao Estado angolano e prestavam assistência técnica a mais de 200 mil explorações agrícolas familiares.
Nos anos subsequentes, a produção foi diminuindo, fixando-se, em 1983, em mil e 121 toneladas, colhidas numa área de 10.145 hectares. Nessa altura, estimava-se que a província possuía 11 empresas estatais de café, agrupadas em 46 fazendas, que ocupavam uma área de 73.877 hectares e 7.312 trabalhadores.
Em 2002, a província contava com 2.792 exploradores agrícolas familiares, com menos de 10 hectares, 148 médias explorações agrícolas, 59 fazendas com mais de 250 hectares, 42 associações, oito cooperativas e 60 comerciantes que asseguravam o comércio local.
Neste momento, o sector cafeícola do Uíge trabalha no sentido de melhorar os índices da produção, identificando os cafeeiros com maiores índices de produtividade para a sua
multiplicação. A meta do programa para este ano consiste na produção e instalação de três milhões de novas plantas até 2017, cobrindo uma área de cerca 3.000 hectares, para bene-
ficiar 3000 famílias.
Para além disso, a província possui programas de médio e longo prazos de relançamento da cultura que se vai traduzir no aumento das áreas de cultivo para o melhoramento da produtividade e qualidade do produto.
Não obstante a situação, o governador provincial do Uíge incentiva os camponeses, no sentido de aumentarem cada vez mais a produção de café. Paulo Pombolo anunciou que o Governo da província vai aplicar, nos próximos dias, o programa “Comércio Rural”, com o objectivo de facili-
tar a comercialização dos produtos agrícolas cultivados pelos camponeses da região.
"Temos resultados animadores em muitas fazendas"
Paulo Pombolo disse que as condições estão a ser criadas com vista ao aumento da produção agrícola em todas as localidades da província, sem possibilidades de se deixar os bens no campo.
Afirmou ainda que a prioridade do seu consulado estará agora direccionada para um maior investimento na economia local.
O governante assegura que há um ambiente favorável para os investimentos na província, caracterizado por um clima de negócios, em que os empresários podem explorar o mercado e as potencialidades nos sectores da agricultura, saúde, educação, construção civil, serviços, agro-indústria, hotelaria, turismo e outros. Disse ser necessário aproximar o Executivo dos produtores e compradores, para uma discussão aberta sobre as questões ligadas à produção do café.
Em relação à produção do café no Uíge, Paulo Pombolo referiu que, desde 2009, o Governo tem investido no aumento da capacidade e motivação dos produtores, de modo a reactivar o sector, que estava em extinção na província. ”Fruto dos esforços do Governo na recuperação
do sector do café, temos resultados animadores em muitas fazendas”, disse. As autoridades conseguiram mobilizar compradores, como as empresas Angolissar, Cafés Delta Angola e Encafé, acrescentou o governador, que disse haver “a necessidade de dar um maior impulso à melhoria do preço, além de outros incentivos aos produtores”.
Paulo Pombolo avançou a ideia da criação do Conselho Nacional de Produtores e Comerciantes do Café e Palmares de Angola.
No meio da crise a festa passou
A cidade do Uíge, sede capital da província, comemorou quarta-feira, 98 anos de existência desde que foi elevada a categoria de cidade, em 1917, pelo Capitão Manuel José Pereira e Alferes Tomáz Berberan.
Localizada no norte de Angola, Uíge, ex-vila Carmona, é o maior dos 16 municípios que a província possui, e considerada a primeira cidade, a seguir a Negage. Fundada em meados de 1917, através da portaria no 15444 de 01/07/1945, em 1955 passou a designar-se Vila Marechal Carmona, em homenagem ao antigo presidente português, Óscar Carmona.
Após ter sido elevada à cidade, passou a denominar-se simplesmente Carmona, tendo readquirido o nome original de Uíge, em 1975.
Em dias de comemoração, a Praça da Independência é frequentada por milhares de pessoas que procuram festejar da melhor maneira possível. Mais de uma centena de tendas e
dezenas de barracas estiveram montadas no local onde nestas ocasiões se torna no maior
centro de concentração de pessoas e viaturas.
Via Novo Jornal