As famosas mobílias artesanais fabricadas na Damba no tempo colonial
Por Makunza Tungu "Tony Sofrimento"
As mobílias feitas na Ndamba deram assento, encosto e sono a reis e príncipes. A soldado e vilão!
Eram feitas de junco moldado em madeira fina e motivos artísticos criativos e simétricos. As mobílias da nossa casa e doutros habitantes do lugar eram feitas deste material e na Ndamba. A mobília da minha casa na Ndamba é de junco e bordão e comprei ou mandei fazer lá mesmo.
Os antigos reclusos do centro correccional da Ndamba também eram ocupados a tratar do junco.
O defunto SOBA KABIBA e outros ilustres membros da sociedade ndambense eram exímios mestres da arte.
Hoje mesmo, há muitos mais velhos que fazem eivou podiam fazer muito neste campo.
A juncaria é uma arte do preparo do junco e na utilização como matéria prima para a feitura de utensílios de utilidade diária como as mobílias e toda a cestaria e adornos.
O Daniel Malunguila Costa (*), faz recordar outros artesãos e marceneiros assim como escultores que valorizaram a arte na nossa terra.
A escola de artes e ofícios e a carpintaria da Missão produziam boas mobílias em madeira nobre, como aquela que ornou a igreja da Missão e outros edifícios públicos da região.
O pai do Daniel Malunguila Costa, que a sua alma descanse em paz, foi um brilhante escultor pois esculpia com mestria e esmero. Era perfeito na arte e na filosofia que o orientava.Transportava nas imagens a sua grande religiosidade que assumia. Privei com ele várias vezes pois era um homem preocupado com a juventude e era muito culto. Aconselhava os jovens que estudavam naquela altura incentivando-os a continuarem na senda da aprendizagem. As imagens e esculturas que deixou, estão eternizadas em obras expostas na Igreja da Ndamba e outros locais espalhados pelo país e pelo mundo. Era um visionário. Via longe demais para o tempo e falava connosco com sapiência. Era um artista nato, poetizava com o escopro e o martelo. Escrevia contos com a lixa e a grosa. Do sangue que escorria dos seus dedos feridos pelo descuido inevitável, misturava a lágrima da lamentação. Enjaulado na impotência situacionista, exprimia com as mãos o pensamento que lhe inspirava.
Grande recordação do GRANDE COSTA KITEKE!!!
Exímios carpinteiros e marceneiros tomaram conta das mobílias, portais e alvenarias da região.
O velho Tana, pai do meu inesquecível amigo Txatala, um dos primeiros alunos do colégio do Bungo, era um grande carpinteiro. O velho Castelhano e os outros todos que trabalhavam na carpintaria da Missão, eram exímios no ofício.
Os "modelos" caíram na passerelle! Foram apupados quando queriam mostrar como marchar bem. A ignorância sobrepôs-se ao conhecimento e foram destruídos todos os sinais que justificavam a história. Nada ou quase nada se preservou. Inclusive a as fontes imateriais.
(*) - (Nota do Muana Damba) - Referência ao comentário feito no Fórum ANADAMBA, pelo Daniel Malunguila Costa, cuja a transcriçâo é a seguinte:
"Muito se fez na Damba sobre mobília, tanto de junco, bordão e madeira.
A par do velho Kabiba, quero crer que muitos ANADAMBA ainda se lembram do Velho Tana (Kissanga) grande carpinteiro e velho Costa (Bairro da Missão) grande marceneiro. Este último, é o meu pai, autor da mesa em madeira do altar da Igreja da Missão, com aqueles adornos, bem como as imagens da Via-Sacra. Portanto, em relação a feitura de mobílias (junco, bordão e madeira) a Damba no cômpito da província é voz autorizada em falar sobre isso!
Será que, "havemos mesmo de voltar...?"
Daniel Malunguila Costa