Laiz desmente acusações de Ndonda Nzinga
Depois das envelhecidas diatribes no seio da FNLA, veio o IV Congresso de que se esperava a solução final da crise deste partido. Entretanto, entre acusações e contra-acusações, ressurge o jogo do pingue-pongue.
Reagindo às declarações do secretário para os assuntos parlamentares e eleitorais, Ndonda Nzinga, feitas no passado dia 22 de Abril, em conferência de imprensa realizada em Luanda, na qual revelou ter havido irregularidades durante a realização do IV Congresso ordinário da FNLA, decorrido de 13 a 15 de Fevereiro, o porta-voz desta força política, Laiz Eduardo, disse que tal não corresponde aos factos.
Falando aos jornalistas, igualmente em conferência de imprensa, no princípio desta semana, Laiz Eduardo disse inicialmente que no que concerne às assembleias electivas, elas foram realizadas em datas e locais indicados pela comissão nacional preparatória do Congresso, sob proposta da sub-comissão de Revisão dos Estatutos, que era coordenada pelo próprio Ndonda Nzinga.
A fonte explicou que, durante a realização das assembleias, não houve troca de locais que dificultassem a participação dos militantes para votar, contrariando assim as declarações de Ndonda Nzinga. “ Isto é uma pura mentira. O nosso companheiro não disse a verdade”, sentenciou Laiz Eduardo.
Quanto à Assembleia electiva de Luanda, a fonte justificou que a eleição de 126 dos 540 delegados previstos, resultou de um consenso entre os candidatos Fernando Pedro Gomes e David Martins, depois de um encontro realizado no dia 23 de Dezembro de 2014. Acrescentou que foi Pedro Gomes quem sugeriu à comissão preparatória que fossem realizadas assembleias municipais para colmatar o elevado grau de absentismo de delegados ao conclave.
Sobre a fraca participação destes nas referidas assembleias, o político justificou que o local (Hotel Sanza Pombo, em Viana) escolhido para albergar o evento, era pouco conhecido, e também faltou transporte para levá-los até lá.
Laiz Eduardo desmentiu também as acusações que pendem à comissão nacional preparatória do conclave, por ter feito a campanha eleitoral a favor do candidato Lucas Ngonda, em detrimento dos outros concorrentes, Fernando Pedro Gomes, David Martins e José Fernando Fula. “ Quem assim agisse, seria imediatamente excluído desta comissão”, explicou.
Quanto à módica quantia de cem mil kwanzas atribuídos aos candidatos, o também secretário para informação e mobilização da FNLA, disse ter sido o montante aprovado pela comissão preparatória, “tendo em conta a exiguidade de meios” , justificou.
No que concerne à alegada apresentação tardia da candidatura de Lucas Ngonda, Laiz Eduardo disse não ser verdade, afirmando que foi entregue no prazo estipulado, tendo sido a terceira, entre as quatro apresentadas no Congresso. Segundo a fonte, não tendo havido sorteio ou posicionamento dos candidatos no Boletim de Voto, “obedeceu-se à ordem de recepção das respectivas candidaturas”.
Sobre a participação dos comissários da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) afectos à FNLA, no conclave, segundo a fonte, terá sido sugerida pelo próprio Ndonda Nzinga, na qualidade de secretário ligado a esta área, com o argumento segundo o qual, “não se podia excluir militantes que contribuíram significativamente com recursos financeiros na organização do Congresso”, esclareceu.
Essa sugestão, atribuída a Ndonda Nzinga, pela fonte, terá sido depois submetida à apreciação da comissão preparatória que havia concluído não haver incompatibilidade, pois tratava-se de militantes que participariam numa assembleia alargada do partido, afirmou o porta-voz do partido dos “Irmãos”.
No que tange à esta matéria, Laiz Eduardo disse que o conclave teve o quórum suficiente, tendo reunido para o efeito 870 delegados, contra 671 denunciados por Ndonda Nzinga. Segundo Laiz, 671 é o número universal que realizou a votação do presidente.
Reforçou que nos termos do artigo 21º dos Estatutos da FNLA são delegados ao Congresso “o presidente, vice-presidente, o secretário-geral cessante, os membros do Comité Central (CC) cessante” e os delegados eleitos pelas assembleias provinciais proporcionalmente ao número de militantes inscritos em cada província.
A fonte desmentiu ainda ter havido alteração do caderno eleitoral, segundo revelações de Ndonda Nzinga na passada semana. “ Não houve alteração do caderno eleitoral como se pretende insinuar”, afirmou Laiz. Reforçou que com base numa reunião da comissão preparatória, o caderno eleitoral devia incluir a participação de 321 membros do antigo Conselho Político Nacional (CPN).
Segundo revelou em conferência de imprensa, o dossier remetido a este órgão jurisdicional, terá sido sugerido também por Ndonda Nzinga, porque “apresentava uma série de pretextos sobre as actas em sua posse”. O que Laiz Eduardo não conseguiu explicar aos jornalistas é, se de facto, existe alguma autoridade em Ndonda de decidir ou não sobre o envio destas actas ao Tribunal, ou outro expediente do partido.
Para a fonte, Ndonda Nzinga terá mentido relativamente à a adulteração do único caderno eleitoral, no qual constam 1.665 delegados indicados para o IV Congresso. “Por máfé, Ndonda Nzinga fez deliberadamente anotações por cima das actas das assembleias electivas provinciais em sua posse”, acusou.
Ameaças de morte
Quanto às alegadas ameaças de morte com arma de fogo feitas por si feitas contra Fernando Pedro Gomes e Ndonda Nzinga, Laiz Eduardo disse também não ser verdade, tendo aconselhado o seu colega de partido, Ndonda, a consultar um psiquiatra para efeito de exames médicos sobre as suas faculdades mentais.
Em declarações a O PAÍS, Laiz acrescentou que a última vez que empunhou uma arma de fogo foi em 1977, no quadro da resistência da FNLA contra o “expansionismo soviético e mais concretamente contra a presença russo-cubana em Angola”, explicou.
Reforçou que, em Janeiro de 1978, abandonou a lógica da guerra, passando a dedicar-se aos esforços da reconstrução nacional até aos dias de hoje. Lamentou as declarações da fonte, as quais reiterou como sendo falsas e caluniosas, manchando o seu bom nome.
Opais