Ambuila classificada património nacional
O local histórico de Ambuila, na província do Uíge, onde se travou a famosa Batalha em 1665 foi classificado património nacional, pela ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, no quadro das comemorações do Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, assinalado Sábado último em todo o planeta.
A distinção deste memorável sítio, visa a valorização e a divulgação de todo o património nacional, para que se possa conhecer o papel desempenhado por diversas figuras, que ao longo da história foram revelando o sentido da mesma, povoando a memória de realizações importantes para o seu próprio futuro.
A governante apelou na ocasião a todos os sectores para a conjugação de esforços em prol da defesa e desenvolvimento do rico e vasto património cultural, cujo destaque recai igualmente a todos os lugares e edificações que reportam o seu valor histórico e arquitectónico para que se dê maior atenção ao estudo, a investigação e a sua divulgação.
Referiu igualmente, que a UNESCO lança em cada ano o seu apelo para que os Estados não deixem de considerar estas datas para uma reflexão conjunta e que nos engajemos em defesa dos bens comuns.
A História que se construiu em Ambuila é a de luta e resistência, onde o soberano do Kongo Dom Nvita a Nkanga, também conhecido como D. António I, proclamou a guerra por se sentir demasiado pressionado pelos interesses portugueses.
Conta-se que as relações políticas e diplomáticas baseadas nos princípios do respeito recíproco, no intercâmbio de produtos comerciais, culturais, entre outros, iniciaram-se no Século XV, mas a cobiça nos recursos que se avistavam nesta região do continente, levou que a corte portuguesa mudasse o sentido das relações que se vinham estabelecendo com o então Reino do Kongo.
Falamos-vos das alterações que iniciaram já no reinado de D. Garcia I, com a chegada dos Holandeses nesta região. Consta que os soberanos do Kongo manifestaram mais interesse por este parceiro comercial, com o qual estabeleceram relações comerciais, assentes na compra de armas europeias, meios que se serviram na defesa do seu território e da sua soberania.
Afirma-se também que a época holandesa teve pouca duração e com a retomada de Luanda pelos portugueses que ficaram cerca de 8 anos acantonados em Massangano, alterou-se o xadrez político, uma vez que os portugueses já se tinham reinstalado em Luanda e exigiram novas condições nas relações com o Kongo.
Em razão dessa situação política, no terreno, Garcia II assinara um acordo que não era a todos os títulos favorável ao Kongo, razão pela qual o soberano se negara a cumprir as cláusulas do referido acordo.
Uma das principais exigências dos portugueses, segundo os estudiosos era efectivamente a exploração das minas do Bembe, local que também foi muito cobiçado pelas diferentes potências europeias. Neste caso particular, o Kongo não cedeu as minas e não se prontificou a dar qualquer sinal da sua submissão à colónia portuguesa instalada em Luanda.
Aos sinais de preparação para a ocupação do Kongo, D. António I reagiu, antecipando essa mesma guerra, tendo para o efeito mobilizado a sua população e das zonas vizinhas através de um Bando, apelo geral.
Assim, o desfecho da batalha de Ambuila, teve a morte do soberano D. António I, que foi decapitado e a sua cabeça transportada para Luanda, tendo sido depositada na Igreja da Misericórdia, a partir da qual no dia seguinte se organizou uma procissão em que participou a edilidade da cidade incluindo o Governador Geral, que indo uns pela praia em várias embarcações e outros por terra sepultaram a cabeça do Rey na igreja da Nazaré.
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