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06 Apr

Roubo de animais nas aldeias do Município da Damba

Publicado por Muana Damba

Por Nsimba Samuel Paxe

Após o alcance da paz, uma das primeiras acções levadas acabo pela Administração Municipal da Damba, Província do Uíge, foi a recolha de armas que se encontravam em posse da populações.


Como se sabe, no meio rural, a caça faz parte da actividade de sobrevivência das famílias, os mais velhos e jovens usavam caçadeiras para abater animais cuja carne servia para a dieta familiar e outra parte para comercialização.


Para a efectivação da paz, a Administração Municipal, recolheu todas as armas tanto convencionais como caçadeiras. Assim sendo, a actividade de caça foi quase banida e os aldeões recorrem às chamadas “armadilhas” tradicionais para obter carne de caça e à criação de animais domésticos, sobretudo ovelhas, cabritos e porcos.


Nós aplaudimos esta iniciativa que contribui sobremaneira na promoção da paz e na reconciliação nacional.


Desde o ano passado, os munícipes enfrentam um golpe duro: os seus animais domésticos são roubados por homens armados. Acção que acontece as noites, segundo as pessoas com que abordamos sobre o facto nas aldeias de Mbanza Ntende, Nzundu, Nkasa e Kinbaya, a taxe dos animais roubados anteriores eram a escala inferior mais que tem vindo aumentando cada dia que passa. Os meliantes armados, segundo as populações, aparecem em grupo de mais de três elementos, com lanternas apanhando os animais e ameaçam as populações a não saírem das suas casas sob pena de levarem tiros. Na altura, recomendamos as vítimas a informarem a polícia e a administração sobre o sucedido.


A população acatou o nosso conselho, informando as autoridades municipais.
Por cá, pensamos que, o crime fosse debelado pelas autoridades em colaboração com as populações. Nossa surpresa é que, aproveitando o feriado (sexta-feira Santa), eu e mais quatro familiares, resolvemos passar o fim-de-semana nas terras que são as nossas “origens”. Fomos recebidos com a seguinte triste notícia: filhos, sofremos mais uma vez um golpe dos inimigos do povo, mas um golpe pesadíssimo, roubaram-me mais de 15 cabeças de cabritos e ovelhas, o meu irmão também ficou somente com uma ovelha, a aldeia toda foi sacudida, ao soba de Kinbaya, os meliantes levaram 19 cabeças; falava o senhor Manuel Nsingi Mbalazau (aldeia de Mbanza Ntende e por sinal é soba da mesma aldeia), com lágrimas e visivelmente triste e aborrecido.

Procurando como sucedeu


Segundo o Sr. Manuel Nsingi Mbalazau, numa bela noite (por volta das meia noite), ouvimos o barulho do motor de uma viatura e de repente desligou-se. Pensamos que fossem os comerciantes querendo comprar o famoso kuanga de Mbanza Ntende. Minutos depois sentimos um movimento estranho dentro da aldeia e quando nos levantamos afinal a acção estava na sua fase final. Gritamos: gatuno, gatuno, gatuno,…..os homens pegaram a viatura de marca Toyota Hilux carregada com animais roubados, meteram-se em fuga. Posto na aldeia seguinte Kinkululu, em direcção a vila da Damba, pararam realizando a mesma acção ao seu belo prazer. No mesmo instantes (segundo Sr Nsingi), telefonei o Sr. Administrador Adjunto informando sobre o sucedido e a localização do tais malfeitores e bem como pedindo a intervenção policial.


O Sr. Administrador agradeceu a informação e prontificou-se em comunicar o Comandante da Polícia. Mas a verdade é que, nada se fez, nem a polícia nem a administração municipal intervieram. Acrescentou ainda: não consigo entender, se os meliantes para virem para as aldeias e bem como passarem para a cidade do Uíge (suposto lugar de venda dos animais roubados) passam junto as portas das instalações da Administração Municipal e do Comando da Polícia, das residências da Administradora Municipal e seu Adjunto, mas mesmo assim não são interpelados! É muito estranho...


Nos deslocamos à aldeia de Kinbaya falar com o soba “Masongele”, notamos que a música era a mesma. Confessando que, chegou de pedir às autoridades municipais a cedência de armas aos sobas para que eles próprios pudessem tomar conta da segurança da população contra estes acções prejudiciais. “Desta vez, levaram-me 19 cabeças de animais…a minha vida está mal, acrescentou o mais velho.


Acompanhamos a conversa sobre o caso, entre o soba Manuel Nsingi e um elemento ligada a Administração Municipal. Por sua vez, o referido elemento, disse que os actos têm a conivência dos jovens nas aldeias e inclina a culpa às populações pelo facto de conhece-los mas que desmarcam-se da responsabilidade em denunciar.


Muito bem. Eu também estaria de acordo com esta posição, mas vejamos:
O Soba Masongela comprara uma motorizada de três pneus “vulgo Kupapata”, e a entregou ao seu neto (estudante) para nos tempos livres e aos fim de-semana trabalhar (moto -táxi) para poder sustentar os seus estudos e a família. Dias depois, o referido neto, foi apanhado em flagrante delito, roubando animais na aldeia de Kingieki (14 de Abril), transportando-os na mesma motorizada.


De manhã cedo (05h30), a informação chegou ao velho Masongele que se dirigiu à aldeia de Kingieki. Tentando analisar a situação e a via para sua resolução, chegara os agentes da polícia que levaram o “gatuno”e a motorizada. Posto no Comando da Polícia, o investigador pediu ao Soba Masongele (proprietário da motorizada), que apresentasse a documentação da referida motorizada.


Cumprindo com as ordens, o soba voltou à aldeia em busca da documentação, percorrendo (ida e volta) mais de 30 km. Posto no Comando, lhe foi informado que o meliante acabara de fugir e que o mesmo (o sobra Masongele) fosse procurá-lo e trazê-lo ao Comando. Aborrecido com a incapacidade da polícia por este estímulo negativo recebido, em resposta disse: eu não apresento a documentação da motorizada e vou a procura do gatuno, uma vez encontrado, levar-lhe-ei ao comando e é só depois que apresentar a documentação do meio. Como consequência, a motorizada continua no comando Municipal da Polícia e o velho Masongele está reparando os danos causados às vítimas do roubo da aldeia de kingieki, pagando uma soma de Kz 270.000,00 (aproximadamente, USD 2.700,00.
O roubo é crime. A população não deve fazer justiça pelas próprias mãos e o uso da arma (fogo) é crime.


1. Se as autoridades Municipais recolheram todas as armas que se encontravam em posse das populações e diz-se que, somente a polícia é que tem armas no Município, então de onde vêem as armas usas pelos meliantes?

2. Que tipo de colaboração que as autoridades municipais pedem a população, se os sobas apresentam as preocupações e os problemas que enfermam a população?

3. Se o Soba Manuel Nsingi Mbalazau naquela noite, telefonou o segundo homem forte do Município dando todas as pistas de como se poderia proceder para apanhar os meliantes?

4. Como é possível os mesmos actos serem constantes e se é verdade que os animais roubados são comercializados na cidade do Uíge, por quanto, quem sai das aldeias mencionadas para a cidade do Uíge passa pela vila da Damba (passa à 0 km das Instalações Administração Municipal, das casas dos Administradores e do Comando da Polícia ) e que não são apanhados.?

5. De quem são as viaturas usadas para esses actos, sabendo que os jovens das aldeias, os “ditos coniventes” não possuir capacidade financeira para comprar um Hilux?

6. Será que as mesmas (acções) não são (encomendadas) por pessoas com certa influência e autoridade no município ou na província?

7. Ou talvez, estaríamos diante de disfunção das estruturas administrativas do Município? ou seja, a Administração desmarcou-se da sua principal função?.

A ordem e tranquilidade são ingredientes na pacificação dos espíritos, na observância das leis e na promoção de uma sociedade sã. Onde não há guerra, ninguém se interessaria em comprar tanques de guerra, onde não há roubos/assaltos ninguém pensaria em colocar gradeamentos nas postas e nas janelas de casa, guardar uma arma em casa, perder noites cuidando das mercadores no armazém, dos animais nas aldeias, perder muito dinheiro pagando o segurança que cuida da nossa residência, etc, etc.


Quando nos deparamos com homens armados num armazém, no banco ou em qualquer lugar, a mensagem intrínseca que nos é passada é a seguinte: a segurança está ameaçada. Ou seja, não estamos seguros.


O contrário do que vejo no município da Damba. Dificilmente se vê um agente armado, talvez o oficial dia. A mensagem intrínseca desta realidade é a seguinte: aqui reina a segurança, a paz, a liberdade…ou seja estamos seguros. Mas para a população das aldeias citadas criadora de animais para sua sobrevivência, respondendo o apelo ao combate a fome e a pobreza, a mensagem é contrária.
Diante desta insatisfação social e generalizada, apelámos as autoridades Municipais o seguinte:


1. Elaborar e implementar o plano de controlo e combate ao roubo, transporte e comercialização de animais.

2. Registar todas as pessoas afectadas e bem como as quantidades de animais roubadas.

3. Ceder crédito (com animais ou dinheiros), para que as mesmas continuem a realizar a actividade, ajudando as suas famílias e bem como o programa de combate a fome e a pobreza em curso no país.

4. Desenvolver programas de educação cívica, envolvendo igreja, ONGs e outras instituições.

5. Fortalecer as capacidades institucionais da polícia e das autoridades tradicionais.

6. Realização de workshop Municipal sobre a problemática.

Às autoridades tradicionais e a populaçâo em geral:



1. Criar mecanismos para a identificação dos “coniventes”, informando as autoridades municipais.

2. Consciencialização das populações.

3. Aplicação do poder tradicional.

4. O não recurso à defesa pessoal (com arma)

5. Criar mecanismos pacíficos para desencorajar os actos.

6. Denunciar todas as situações anómalas que se verifique na aldeia

Grato pela atenção.

O gado caprino é vítima de roubo massivo na Damba. Imagem do arquivo

O gado caprino é vítima de roubo massivo na Damba. Imagem do arquivo

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