Embaixador Miguel da Costa: “Angola é um dos países mais atractivos de África”
O embaixador de Angola em França defendeu esta terça-feira, em Paris, que Angola é um dos países mais atractivos do continente africano devido a sua estabilidade política e ao potencial de recursos naturais existentes.
Miguel da Costa que discursava na abertura da conferência ocorrida na universidade Sciences Po lembrou que “em termos prospectivos Angola é um país de futuro, dotado de recursos naturais, trunfos inegáveis que fazem dele um dos países mais atrativos do continente”. Para
sustentar esta perspectiva futurista, o diplomata angolano baseia-se nos indicadores do Banco Mundial para o qual a classe média vai quadruplicar em 2045.
Diante de uma plateia preenchida essencialmente por diplomatas estrangeiros acreditados em Paris, académicos, homens de negócios, comunidade de angolanos residentes e jornalistas, o embaixador de Angola considerou que a economia angolana é bastante dinâmica, sobretudo
depois de 2002. “Angola tem uma economia que se diversifica, a fim de reduzir a dependência do sector dos hidrocarbonetos, promovendo de um lado a industrialização e, por outro lado, melhorando o sector agrícola e agro-alimentar, com o objectivo de criar empregos”.
Este acento tónico do embaixador coincide com a apresentação do consultor em assuntos económicos Jorge Marcelino que falou sobre “As estratégias para a diversificação da Econo-
mia”. “O crescimento económico de Angola é bastante dinâmico e depois de 2002 o PIB de Angola multiplicou dez vezes, tornando Angola a terceira economia da África sub-sahariana
depois da Nigéria e África do sul.
Do ponto de vista político, o chefe da missão diplomática angolana na capital francesa recordou que “o governo está engajado numa dinâmica de consolidação do processo político e democrático”. É neste contexto que assistimos as recentes discussões na Assembleia Nacional sobre a conformação com a constituição das leis eleitorais. E foi esta também a tónica da jurista angolana Emanuela Vunge que falou sobre “Os impostos locais e a redução das assimetrias no quadro da descentralização em Angola”. Emanuela Vunge defendeu por isso uma abordagem optimista e que leve em consideração um exercício de projecção de longo prazo. Apesar
de reconhecer uma pressão política para a adopção das autarquias, esta jurista fez apologia do gradualismo na implementação das autarquias em Angola, levando em consideração os constrangimentos existentes.
Durante a conferência, o Professor de Relações Internacionais António Luvualu de Carvalho falou sobre “O Desafios do mandato de Angola no Conselho de Segurança da ONU” e o antigo ministro português dos Negócios Estrangeiros de Portugal, António Martins da Cruz falou sobre “A cooperação franco-angolana”.
Durante a conferência foram apresentados os livros “Angola & ses Atouts”, sob iniciativa do Serviço de Imprensa da Embaixada de Angola em França e “L’Angola acteur majeur de la pacification et le maintien de la paix en Afrique”. O evento marca igualmente a abertura, em França, das comemorações dos 40 anos da independência de Angola e do 4 de Abril, dia da Paz e reconciliação nacional.
Angola impulsiona plataforma panaafricana no Conselho da Segurança
O professor universitário e analista político António Luvualu de Carvalho considerou esta terça em Paris que Angola tem vindo a impulsionar uma plataforma dos países africanos com assento no Conselho de Segurança para que estes possam defender posições convergentes relacionadas com o continente africano.
Ao dissertar sobre “os desafios do mandato de Angola no Conselho de Segurança da ONU”, o académico angolano afirmou que “o sucesso de Angola continuará a passar por um bom trabalho à nível do continente africano e a presidência do Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos (CIRGL) será um barómetro para medir a capacidade de pacificação que Angola realmente possui”.
O académico angolano reconhece a complexidade de algumas questões, mas considera que entre os temas da agenda recente da ONU consta “o recrudescimento do terrorismo em África, com a Nigéria e o Quénia como casos mais preocupantes; o radicalismo islâmico, os conflitos étnicos ainda persistentes um pouco no Leste da RDC e em algumas regiões da RCA e entre o Sudão e o Sudão do sul tal como questões mais globais como a guerra na Siria e esta silenciosa guerra diplomática entre a federação Russa e os Estados Unidos da América”.
Por sua vez, António Martins da Cruz, antigo ministro português dos negócios estrangeiros de Portugal mostrou-se satisfeito pelo facto de “Angola ter demostrado uma visão clara sobre o continente africano, e por desempenhar um papel positivo para o restabelecimento da paz e o dialogo, procurando soluções consensuais”. Sobre as perspectivas da relação franco-angolana, o diplomata europeu considera que “a França percebeu esse papel de Angola e a relação entre os dois países foi reforçada após a visita do Presidente José Eduardo dos Santos à Paris, para além dos contactos regulares do ministro angolano e os seus parceiros franceses que confirmam a qualidade dessa cooperação”. António Martins da Cruz adverte para as potencialidades económicas da França que representa sozinha 5% do PIB mundial, uma potência industrial e nuclear que tem assento permanente no Conselho de Segu-rança da ONU. Sob este prisma, disse, “a França dispõe de um conhecimento profundo sobre as questoes africanas e tem vindo a jogar um papel decisivo para a defesa dos países africanos contra as ameaças do terrorismo, não hesitando a intervir em casos de urgência”.
O antigo chefe da diplomacia portuguesa considera que “Angola, no Conselho de Segurança deverá tomar algumas posições sobre as situações globais” e aponta acontecimentos recentes como a reconciliação entre Cuba e os EUA, promovida pelos Presidentes Barack Obama e Raul Castro.
António Martins da Cruz teceu igualmente algumas considerações sobre a obra “L’Angola ac-teur majeur de la pacification et le maintien de la paix en Afrique”, da autoria de Antonio Luvualu de Carvalho. Segundo o autor, “o renascimento africano passa pela consolidação de instituições continentais fortes.
Assim, ele coloca um grande relevo sobre o papel que a União Africana, enquanto sucessora (ou continuadora?) da OUA, deve assumir na prossecussão da paz em todo o continente. Falamos da União Africana como podemos valorizar igualmente o papel que as organizações sub-regionais (SADC, CEAC, CEDEAO, CEN-SAD, entre outras) podem ou têm vindo a desempenhar no sentido de encontrar soluções duradouras”, lê-se no prefácio.
A conferência sobre “Os Desafios Económicos e Políticos de Angola” na universidade Sciences Po foi um marco e foi bastante concorrida.
Via NJ