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04 Mar

Teddy Nsingui: O solista em movimento

Publicado por Muana Damba  - Etiquetas:  #Música

O mestre Teddy Nsingi. Imagem do Opais.net

O mestre Teddy Nsingi. Imagem do Opais.net

Por Dani Costa

Poucos são os músicos que resistem aos dotes do guitarrista solo Teddy Nsingui, um dos principais rostos da Banda Movimento, criada em 1999 pelo Movimento Espontâneo. A lista de solicitações é extensa. Vai desde os nomes mais consagrados da música angolana, como o rei Elias Dya Kimwezu, àqueles que se pretendem lançar neste exigente e concorrido mercado em ascensão.

Foi assim com Nila Borja, a então menina da “Bolinha no pé, bolinha na mão”, quando esta tinha apenas seis anos de idade. E muito recentemente, o quase sexagenário tocou para uma menina de apenas quatro anos, tida como uma das mais tenras cantoras infantis do país. Aprendeu a tocar guitarra ainda menino em Kinshasa, capital da actual República Democrática do Congo (RDC), onde se refugiara com os pais durante a luta de libertação.

Impulsionado pelo amigo e também guitarrista Dally Kimoko, que actualmente reside em França, decidiu aperfeiçoar a arte, procurando pessoas mais experientes. É o desejo de melhorar mais a arte que escolhera que fez com que criassem uma pequena banda com mais dois colegas de escola. Mas, esta brincadeira tornou-se séria de mais, quando este grupo de meninos gravou dois singles na Editora Ronno, de Robert Noelle.

A Banda Movimento é um grupo que defende a música angolana de raiz.

A sua introdução no mundo da música semiprofissional estava prestes a acontecer. O empurrão ocorre assim que cruza com um baixista de Sosoliso, do então Trio Madjesi.

Foi por intermédio deste que entra num círculo de músicos de renome que formavam, na altura, grupos firmados como o Sosso Lisso e TP OK Jazz, do malogrado Franco. Com estes, como o próprio conta, chegou a gravar seis discos na editora Moninga, cujas músicas de alguns discosviriam a ser reproduzidas no seu país de origem com o rótulo ‘Músicas de África’, pela Companhia de Discos de Angola (CDA).

Em Setembro de 1976, quase um ano depois da proclamação da independência de Angola, Teddy e outros músicos que se encontravam radicados no então Zaíre, a convite de Matadidi Mário Bwana Kitoko, com o propósito de criarem uma nova banda, que veio a ser a Orquestra Inter-Palanca. Integravam o Inter-Palanca músicos como Mogue (viola baixo), Teddy (viola solo), Sissa e Done (trompetistas), Nick Jaguet (baterista) e Dyana Spray (vocalista).

Foto: (opais.net)

Um mês depois de regressarem ao país que os viu nascer, gravaram êxitos como “Volta camarada”, “Café”, “A nossa terra é boa” e outros, que já passavam nas rádios, mas os seus autores eram praticamente desconhecidos para o grande público. “A primeira aparição pública foi a 12 de Novembro de 1976, no Pavilhão da Cidadela Desportiva, durante as festividades do 1º aniversário da independência”, recordou com nostalgia o músico.

PRA FRENTE É O CAMINHO

Com o desaparecimento do Inter-Palanca em 1980, outras frentes foram abertas. A primeira foi integrar o ‘Instrumental 1º de Maio”, a Orquestra da Central Sindical Angola, a UNTA, que viria a ser apresentada no Clube Naval, à entrada da Ilha de Luanda.

Esta mesma banda viria também a ser extinta, depois de várias saídas e entradas de elementos, dando lugar ao Semba África, na sequência do redimensionamento salarial que ocorreu na União dos Trabalhadores Angolanos (UNTA). Os poucos resistentes foram o próprio Teddy Nsingui e o mais badalado percussionista angolano, Massano Júnior.

Posteriormente, o músico ingressou numa carreira free-lancer, acompanhando diversos cantores e agrupamentos, como Madizeza (Filipe Mukenga e o já falecido André Mingas), na Expo-Sevilha, Jovens do Prenda, na Expo de Lisboa, e os Anjos. Até que em 1999 criaram a Banda Movimento, actualmente sob os auspícios da Rádio Nacional de Angola. “A Banda Movimento é um grupo que defende a música angolana de raiz”, garante Teddy, que reparte o palco com um dos seus principais companheiros, o também músico Chico Madne.

“MOMENTOS E ENCANTOS” DE TEDDY

O percurso que viveu desde a sua passagem pelo InterPalanca até ao presente momento poderá ser revivido com o álbum de instrumentais intitulado “Momentos e encantos”, cuja produção encontra-se a 80 por cento. Trata-se de instrumentais que ele ajudou a compor, de músicos que acompanhou durante a sua trajectória e outras que o marcaram significativamente. Descrito pelos amigos como pessoa de poucas falas, Teddy dificilmente aparece nas vestes de vocalistas. Uma das poucas vezes que o fez foi por sugestão de Ze Keno, outro solista de referência no país, durante um espectáculo de Tabu Ley Rochereau.

Aliás, Zé Keno (Jovens do Prenda), Marito (Os Kiezos) e Duia são alguns dos guitarristas angolanos que o músico diz ter ouvido durante a sua fase de adaptação à música angolana, quando regressou do ex-Zaíre. Além destes trabalhou com outros como Botto Trindade, Carlitos Vieira Dias e Brando. “Já reparti o palco com muitos guitarristas da nossa praça”, explicou.

“O Simoni Mancini também passou por mim em jeito de reciclagem”, acrescentou. Exímo guitarrista, Teddy em momento algum aceita o facto de ser mencionado por muitos como um dos grandes solistas do país. Mas admite que já ouviu algumas pessoas dizerem isso, mas não lhe cria qualquer vaidade. Pelo contrário quer manter a mesma performance por muitos mais anos.

Perfil

Foto: (opais.net)

Nome: Teddy Nsingui

Filiação: Simão Nsingui e Teresa Nsima

Naturalidade: Maquela do Zombo

Data de Nascimento: 26 de Abril 1954

Estado Civil: Solteiro

Filhos: Quatro

Religião: Católico não praticante

Vícios: Não aturo pessoas que falam muito

Virtude: Muito paciente

Comida: Funje, peixe e feijão

Bebida: Água

Música: Africana

Músicos que admira: Mbilia Bell, Tabu Ley Rochereau, Dr. Nico, Franco e George Benson

Artigo editado pela Revista Vida-opais.net em 22 de agosto de 2013

Imagem do opais.net

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