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23 Feb

UNIDADE ENTRE OS BAKONGOS: SONHO E REALIDADE

Publicado por Muana Damba  - Etiquetas:  #História do Reino do Kongo

UNIDADE ENTRE OS BAKONGOS: SONHO E REALIDADE

Por Dr. Jean-Christ Maarques

Quando uma pessoa deixou sua comunidade há mais de três décadas e não ter visto um familiar só por duas vezes, mal pode entender o que passa com os problemas dos seus. Mas também, tem o direito de dar uma opinião a respeito. Pelo que peço perdão aos leitores que acharem que estou em contraposição com as minhas ideias expressadas num português quase lamentável.

Um dos maiores problemas que preocupam os bakongos, já divididos antes e depois da Conferencia de Berlin, é a busca de caminhos para a sua reunificação. No contexto dos movimentos o ABAKO e a UPNA são tendências manifestas dessa busca. No contexto angolano, Kwameh N’krumah reprochou ao Holden Roberto que qualquer tentativa de querer ressuscitar o antigo Reino do Kongo seria catalogada como um anacronismo tribal.

Estou seguro que esse reproche fez retroceder Holden Roberto ao fundar a UPA.

Se não estiver equivocado, O Reino do Kongo tem os seus antecedentes no Império Kamit (Egípcio) antigo. Jean-Charles Coovi Gomez[1], numa alocução em homenagem ao profeta Simon Kimbangu, define aos bakongos como a casta de sacerdotes no Khemet (Egito) antigo e que são o povo mais elevado daquele império. Na mesma alocução, o referido cientista fala do Kongo Katiopa. Conceito que atribui ao mesmo Simon Kimbangu em referencia a toda Africa Negra. O que significa que todos os negros são bakongos.

Mas também Ne-Mwanda Nsemi e o mesmo Pastor Nzeytu Josiah Melo, conectam o bakongo com o guia da humanidade[2].
Entao falar da unidade dos bakongos pode ter duas etapas: a unidade da cúpula sacerdotal que vão guiar a humanidade como marco de referencia organizacional para unir a todos os africanos (no continente e na diáspora).

Mas o maior problema está intacto: Como unir os componentes da cabeça para que o corpo possa entrar em movimento? Os problemas que está a enfrentar o mundo em geral e Africa em particular são inexpressáveis, pelo grau de gravidade que os caracteriza. E, para acabar com mesmos precisa-se de uma regeneração social global da humanidade.

Se os bakongos são os escolhidos pelo Deus Akongo, Makongo, Nzambi a Mpungu, etc., para cumprir com esse mandato, então isso me leva a outros níveis de reflexão que me obriga a formular mais perguntas:
Têm os bakongos consciência da sua missão?

Respeitam os bakongos a tradição deixada pelos seus antepassados?
Perderam os bakongos a sua verdadeira essência?

A resposta a estas perguntas pode explicar as verdadeiras causas das atitudes dos bakongos ante si mesmos e ante o mundo. Pois um povo a quem o criador do mundo encarregou a missão de redimi-lo, e se desinteressa dela, só pode criar um clima inquietante para quem está informado disso.

A verdade é que a unidade não é sinônima de massificação. Ela só é possível onde as diferenças são patentes e respeitadas. Como diz Théophile Obenga, é preciso acabar com o isolamento. É verdade que todos temos que partir desde um ponto de afirmação mas depois devemos abraçar os outros como sinal da nossa própria fortaleza. O isolamento mata, aniquila e enfraquece.

Assim a unidade dos bakongos deve partir de uma reflexão básica sobre o conhecimento que temos da herança cultural deixada pelos antepassados e a maneira como nos podemos enriquecer-nos com ela, para enriquecer o mundo.

Isso não está em contraposição com o que diz Kung-Fu-Tsé: a ordem interna é o ponto de partida para o ordem externa. O Sermao da montannha diz o mesmo: se você não alumbra o seu interior não poderás repelir a escuridão. Os bakongos devem começar por si mesmos para defender-se em primeiro lugar contra si mesmos e assim vão ajudar a defender o mundo da inexpressável situação que vive.

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