Acidentes de carro aumentam no Uíge
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Por António Capitão e Joaquim Júnior
Os acidentes de viação, apesar de todas as campanhas para os evitar, continuam a manchar de sangue as estradas do país e a enlutar famílias. Na província do Uíge, apenas em Janeiro morreram nove pessoas e já este mês mais duas perderam a vida em desastres rodoviários.
O dia 29 de Janeiro foi chocante, principalmente para a população da província e de luto para duas famílias, além de ter obrigado os efectivos da Polícia Nacional e do Comando de Protecção Civil e Bombeiros a trabalho redobrado devido a dois acidentes na estrada entre a cidade do Uíge e o Negage, que resultaram em sete mortos.
Um relatório apresentado pelo porta-voz do Comando Provincial da Polícia Nacional, superintendente Assunção Ribeiro, refere que o primeiro acidente ocorreu por volta das 10h30, próximo da aldeia de Muenga, 16 quilómetros da cidade do Uíge, quando uma pick up colheu uma motorizada que transportava um casal e o filho de um ano, que morreram no local.
Menos de três horas, registou-se outro acidente na mesma estrada, na aldeia de Canquengue, com um turismo que se despistou e atropelou quatro pessoas da mesma família, que se encontravam em frente a uma loja.
No dia 30, novamente na aldeia de Caquengue, outro turismo também se despistou, originado a morte duas pessoas, uma das quais era o condutor. O acidente provocou ainda dois feridos, que tiveram de ser internados no Hospital Geral da cidade do Uíge.
O superintendente Assunção Ribeiro garantiu que a causa dos dois acidentes na estrada Uíge-Negage foi o excesso de velocidade.
O motorista envolvido no acidente do dia 29 perto, da aldeia de Canquengue, Adérito Bunga Razão, 3º Subchefe dos Serviços de Migração e Estrangeiros, para fugir das agressões de algumas pessoas, que se presume serem familiares das vítimas, abandonou a pé o local, mas apresentou-se horas depois no piquete da Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC). A viatura é que não escapou à fúria dos populares, que a incendiram.
O porta-voz da Polícia Nacional afirmou que, uma vez mais, o desrespeito pelas regras de trânsito, principalmente o excesso de velocidade, estiveram na base dos seis acidentes de viação registados nos troços Uíge-Negage, Negage-Dimuca, Uíge-Quitexe e Uíge-Mucaba e na avenida do Café na capital da província.
A quantidade de acidentes de viação dos últimos dias é preocupante, tendo em conta os números habituais da província.
Entre 30 de Janeiro e 3 de Fevereiro registaram-se 11 desastres rodoviários - três atropelamentos, quatro choques entre viaturas e igual número de despistes - que causaram duas mortes e dois feridos graves. As forças policiais da província cafeícola do Uíge registaram no mesmo período de tempo registaram 160 infracções ao Código de Estrada.
Educação rodoviária
Os Ministérios da Educação e do Interior, face ao elevado nível de sinistralidade rodoviária nas estradas da província, realizaram durante cinco dias, na cidade do Uíge, com a colaboração de uma empresa privada, uma acção de formação para sobre educação rodoviária para 45 professores e 65 técnicos da Direcção Provincial de Viação e Trânsito.
A chefe do departamento da Direcção Nacional do Ensino Privado do Ministério da Educação, Joana de Sousa, salientou no encerramento a importância da iniciativa de dotar professores, agentes da Polícia e crianças de conhecimentos sobre as regras de trânsito rodoviário. Joana de Sousa referiu as conveniências de conhecer e respeitar os sinais de trânsito por ser uma forma reforço de diminuir os desastres na estrada.
Também sublinhou o interesse de se melhorar o comportamento de automobilistas e motociclistas em relação às regras de trânsito, como o uso do cinto de segurança e de capacetes de protecção.
A conjugação de esforços entre os Ministérios do Interior e da Educação, afirmou, destina-se a reduzir o número de acidentes nas estradas, mas é necessária a colaboração de todos, visto que os estudos concluem que o combate à sinistralidade rodoviária não pode ser apenas da responsabilidade do Executivo.
A solução, disse, inclui uma mudança no comportamento dos automobilistas e dos demais utentes das estradas.
Joana de Sousa anunciou na altura que o projecto desenvolvido ao nível do ensino primário estende-se em breve ao médio e superior, sobretudo por haver estudantes que conduzem automóveis e motorizadas.
“O ensino primário é a base. Ao começarmos com as crianças, estamos a lançar os alicerces para construirmos uma ética de trânsito mais responsável”, referiu Joana de Sousa.
Quanto aos outros níveis de ensino, acrescentou, está a trabalhar-se em matérias universais para serem inseridas nos conteúdos escolares de modo a ensinar a adolescentes, jovens e adultos princípios da prevenção rodoviária.
Os problemas causados pelos acidentes de viação, que constituem a segunda causa de mortes em Angola, são causa de preocupação das autoridades em todo o país.
Apenas no feriado do 4 de Fevereiro, a Polícia Nacional registou a nível nacional a ocorrência de 37 desastres que causaram 16 mortes e 30 feridos.
Via JA