Produtos alimentares vendidos em locais impróprios
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Por Valter Gomes
A falta de higiene e a má conservação dos produtos alimentares nos mercados informais, criados nos bairros circunvizinhos da cidade do Uíge, constituem alguns dos principais vectores para o surgimento de muitas doenças no seio da população.
Carne, frangos, peixe congelado e seco, ovos, hortícolas e outros produtos são expostos ao ar livre sem o mínimo de condições de higiene e segurança para o consumo humano.
Maria Bernardo, vendedora ambulante há sete anos, disse ao Jornal de Angola que a falta de infra-estruturas (mercados) é o principal motivo que leva muitas mulheres a utilizarem as rotundas, ruas e espaços livres da cidade, como locais alternativos para a comercialização de produtos diversos.
O Mercado Municipal, conhecido como Praça Grande, e o da Feira, localizados na sede provincial do Uíge, são os mais antigos e já não dispõem de espaço para acolher novas vendedoras e carecem de vários serviços de apoio.
Na Praça Grande, os produtos agro-pecuários e congelados dominam as bancadas das vendedeiras, enquanto no da Feira são comercializados bens industriais, como roupa e calçado, material eléctrico, acessórios diversos para viaturas, electrodomésticos e outros produtos.
Helena Benjamim comercializa carne de cabrito, de vaca, galinha viva e frango congelado no mercado do Candombe-Velho há mais de seis anos. Conhece os riscos de vender produtos alimentares ao ar livre, mas afirma que o local tem sido o único espaço.
No Mercado da Feira, no bairro Catapa, Rosa Dala comercializa peixe congelado, cebola, tomate, óleo vegetal e outros produtos alimentares. Por falta de condições apropriadas, as chuvas, a poeira, o sol e as moscas afectam o negócio. A Administração Municipal deve construir mais mercados, com melhores condições de acomodação.
Rotunda do Songo
Na rotunda do Songo, no desvio da estrada que liga a cidade do Uíge ao município de Mucaba, na paragem das viaturas que vão ao município de Dange Quitexe, no bairro Quilala, e noutras ruas, as vendedoras de produtos do campo e congelados dividem a via com os automobilistas.
“Reconhecemos ser um perigo vender ao longo da estrada. Mas essa tem sido a única forma de conseguirmos dinheiro”, disse o agricultor Pedro Armando, que frequenta a pracinha criada na rotunda. Para Guilhermina Bernardo, moradora do bairro Papelão há dez anos, a má conservação dos produtos alimentares pode causar problemas aos consumidores e por isso sugeriu ao Governo no sentido de velar pela organização e melhoria das condições. A paragem do Dange Quitexe, no bairro Quilala, tem sido palco de vários acidentes de viação, em função do movimento de vendedoras, compradores e automobilistas. O soba do bairro, Dias João, alertou a população para abandonar o local.
“Várias pessoas foram atropeladas por imprudência dos automobilistas, porque a estrada é quase sempre invadida pelos vendedores e compradores”, disse Cláudio Felizardo, um dos agricultores que abastece alguns mercados informais da cidade com hortícolas.
Lixo fora dos contentores
A empresa ENGEVIAS procura garantir a manutenção do saneamento básico da cidade, recolhendo diariamente o lixo nas ruas e bairros periféricos da cidade do Uíge. Enginaldo Geraldo, coordenador da empresa para os serviços de limpeza no Uíge, disse que o processo de recolha do lixo começa às 5h00 e só termina às 22h00.
As cinco viaturas compactadas, com capacidade para 18 metros cúbicos de lixo, garantem a recolha dos resíduos sólidos nas ruas da cidade. “Também temos recursos humanos suficientes e instrumentos comunitários para o trabalho”, disse.
Enginaldo Geraldo apontou como principais dificuldades o facto de muitos habitantes continuarem a colocar o lixo em locais inadequados, fora dos contentores, enquanto outros ainda guardam o lixo no interior dos bairros onde as viaturas não conseguem entrar.
“A população deve depositar o lixo nos devidos locais e nas horas marcadas, de forma a facilitar o nosso trabalho, de manter limpa a cidade”, acrescentou.
Novos mercados
O administrador municipal do Uíge, Altamiro Benjamim, disse que está preocupado com o comportamento de muitos habitantes que fazem o comércio nas ruas, rotundas, nas entradas dos prédios e outros espaços livres não autorizados para o exercício do comércio.
Face a essa situação, o novo mercado localizado no bairro Quindenuco é alvo de melhorias para acomodar centenas de vendedoras nos próximos dias.
O mercado com capacidade para 200 bancadas foi construído há cinco anos, mas nunca funcionou porque a população reclamava contra a falta de transportes públicos para auxiliar os vendedores. Neste momento, é aumentada a capacidade do mercado de modo acolher mais vendedores.
A empresa contratada para o efeito já está a fazer a limpeza das bancadas e a instalar os contentores onde os vendedores vão depositar os resíduos sólidos.
Além do mercado em obras, a Administração Municipal traçou outros mecanismos que vão permitir a abertura de novos mercados na periferia da cidade.
Via JA