Por Valter Gomes

A província do Uíge precisa de mais de mil alfabetizadores para concretizar o programa de aceleração escolar nos 16 municípios, revelou o coordenador do ensino de adultos da direcção provincial da Educação, durante o Fórum Provincial de Educação para Todos, que decorreu de 19 a 21 de Novembro na cidade do Uíge.
Albertino dos Santos avançou que, para o processo de alfabetização, é necessária a construção de escolas de alfabetização em todas as sedes municipais, comunais e aldeias com grande concentração
populacional. A intenção do sector é que haja alfabetizadores em todas as aldeias, para ensinar as pessoas a lerem, escrever e acelerarem os seus níveis escolares. A título de exemplo, referiu
que a comuna do Uamba, com apenas quatro professores de alfabetização, possui mais de cem aldeias.
Em seu entender, a existência de escolas próprias para alfabetização permite alargar os tempos de aulas, cujo processo deve ser desenvolvido nos três períodos, tal como acontece no ensino
geral.
A maior parte da população analfabeta da província é adulta, o que dificulta a sua inserção no sistema normal do ensino, de acordo com os regulamentos do Ministério da Educação, explicou.
Além da falta de escolas e de alfabetizadores, o sector também se debate com a falta de acompanhamento dos formandos para, depois de alfabetizados até ao terceiro módulo, serem inseridos nos
centros de formação profissional. Outra questão que preocupa Albertino dos Santos é o pagamento tardio de subsídios aos alfabetizadores, o tem provocado a desmotivação dos mesmos e muitos chegam
mesmo a abandonar o trabalho para se dedicarem a outras actividades.
Em relação às crianças com mais de 10 anos que pretendam matricular-se nas escolas primárias e frequentarem, por exemplo, a segunda classe, salientou que “elas acabam sendo recusadas devido
à incompatibilidade da idade em relação à classe a frequentar. Daí a necessidade de serem inseridas no sistema de ensino de adultos, onde, através dos módulos ministrados, podem atingir a
oitava classe em apenas dois anos e meio. O subsistema de ensino de adultos funciona com 563 alfabetizadores, distribuídos pelos 16 municípios que compõem a província, nos quais pelo menos três
mil adultos frequentam aulas em salas do ensino geral, igrejas e debaixo de árvores.
J.A