MBUTA 24
…” O tenente Camacho chegado a Songolo retirou para Luanda por motivo de doença e porque lhe constava que no correio que eu receberia pelo mesmo comboio vinha ordem para que ele regressasse a Luanda.
Felizmente, apresentou-se no bivaque do Luvo o tenente Luís Rodrigues de Lemos, que tinha sido colocado no Congo, como muitos, mas que realmente veio para o Congo, o que a poucos sucedeu; só assim o comboio pôde trazer dois oficiais no regresso a S. Salvador, como levara ma marcha para a fronteira.
Em resultado do ataque ao comboio no Lolo, tivemos um soldado morto, o nº 106/106 da 20.ª companhia, Manuel Quimbundo e um gravemente ferido que retirou para Noqui; também tivemos um carregador morto, além de dois que morreram por doença.
Tendo recebido por intermédio de um cipaio indígena, que sozinho atravessou todo o território rebelde entre a fronteira de S. Salvador e que mais tarde veio a morrer por efeito de um ferimento recebido no combate do SOKO, uma comunicação do Exº Governador em que me informava de que a marcha da coluna do seu comando directo teve que ser retardada, pelo que só em 23 deveria encontrar-se em Cuimba, onde esperava encontrar grande resistência, mandei ali ao seu encontro, uma companhia e três pelotões, sob o comando do capitão Martinho Monteiro, força que saiu de S. Salvador em 21 de Junho e ali chegou em 24, felizmente a tempo de prestar à coluna do Exº Governador o serviço que dele se pretendia que era garantir, pela sua presença na margem ocidental do rio, a passagem da coluna, sem combate, Esta força era constituída pelos pelotões Borges, Lemos e 1.º sargento Rodrigues, no efectivo total de 5 sargentos, 5 cabos europeus e 121 praças indígenas.
Este destacamento foi atacado em todo o trajecto a partir de Tanda até a Cuimba, consumindo 8000 cartuchos, mas não tendo nenhuma baixa a registar. O encontro com a coluna do Governador só veio a dar-se no dia 26 de Junho.
De facto, a coluna partira de Tumba em 13 de Junho chegando a Maquela em 19; os dias 20 e 21 foram empregados em repousar as tropas e organizar a coluna; em 14 a coluna bivacou em Quimuanandinga, desertando 11 soldados e fugido 114 carregadores, cujas cargas, no peso provável de 3500 quilos de géneros, tiveram que ser entregues ao soba fiel daquele povo para que ele os mandasse para Maquela, dado a impossibilidade de as transportar então para S. Salvador, no dia 23 o bivaque foi estabelecido na margem ocidental do rio Luango; em 24 foi destruído o povo do Kumba, tacado e incendiado e o povo de Malau; em 25 foi atacado Zinga, sem um tiro de infantaria, excepção feita dos dados por alguns auxiliares zombos, atravessada seguidamente a densa mata do Caio, dentro da qual o se encontrou riacho de leito profundamente encaixado, que o inimigo fortificara cuidadosamente de modo que a bater a coluna de frente e flancos, mas que não ousou guarnecer, depois de ainda foram incendiados dois povos dentro da mata, indo a coluna bivacar a 6 quilómetros do Cuimba; em 26 atravessaram-se duas matas, foi avistado o destacamento de S. Salvador, e atacado e destruído Banza Cuimba donde o gentio fizera uns tiros, sendo depois batidas todas as matas próximas, mais tarde, uma outra mais a Sul, donde, na noite anterior tinham sido feitos tiros sobre a força do capitão Monteiro, destruindo-se ainda mais 4 povos dentro da mesma mata; em 27 a coluna acampou em Lombélua; em 28 de foram destruídas todos os povos da regiões Gombe Iongo, Vivi, Macóto e Pango sendo apreendidas muita criação e gado miúdo e danificadas, quanto possível, as lavras, em 29, na passagem do Luve, foi encontrada uma luneta muito bem traçada e construída mas que os rebeldes não resolveram a guarnecer em defender, atacando-se em seguida Banza Tanda, sendo por sua vez atacada a coluna na mata do Muingo, incidindo o ataque especialmente sobre artilharia que, marchando então a redado as peças carregadas com lanterneta, se encontrou em condições de se defender por si própria, no dia 30 a marcha fez-se sem incidente algum, e, finalmente, em 1 de Julho a coluna de Maquela entrou em S. salvador às 14,30….”
Continua
AHML
Pesquisa de Artur Mendes