O dia em que a água jorrou nos fontanários do Kifata

Por José Bule

Mulher do bairro Kifata no Uíge está emocionada pela inauguração do fontanário feita pelo governador Paulo Pombolo

Fotografia: Felipe Botelho| Songo

O sofrimento acabou. Maria Miguel é uma das muitas mulheres do bairro Kifata, no município do Songo, província do Uíge, que aguardavam impacientes pela ina­uguração do fontanário instalado numa das ruas da localidade. Com banheiras, bidões, baldes e outros recipientes, a população concentrada no local aguardava com ansiedade pela abertura oficial das torneiras. Quando o governador Paulo Pombolo chegou ao local, a população explodiu de alegria. Milhares de jovens, mulheres e crianças saltaram e correram de emoção.

Pombolo desceu da viatura, acenou à população, dirigiu-se ao fontanário e abriu as torneiras. Jorrava muita água e começou a confusão. Todos queriam ver aquele momento único, mágico e histórico. A população invadiu as ruas e correu de um lado para o outro enaltecendo a paz e os seus ganhos.

“Finalmente, já podemos beber água potável. Estamos muito felizes. Mas eu estou mais feliz ainda por ser a primeira a beneficiar desta água. E, ainda por cima, foi o próprio governador que abriu a torneira para mim e colocou a banheira na minha cabeça. Nunca me vou esquecer deste momento histórico”, confessou Maria Miguel.

“Estamos aliviados do sofrimento”, disse Samuel António Sebastião, que comprava alimentos no mercado municipal do Songo. O jovem agradeceu as acções do Executivo porque, na sua opinião, estão a contribuir para melhorar a vida das populações locais. “Vivo no bairro Zulumongo e a cerca de 20 metros da minha casa também foi instalado um chafariz. No passado tudo era difícil, tínhamos de ir buscar água ao rio Dunda, a cerca de três quilómetros do local onde vivo, mas agora tudo caminha para o melhor”, afirmou, emocionado.

No Songo, o sistema integrado de abastecimento de água funciona com um reservatório de 120 metros cúbicos e foram instaladas 43 torneiras para beneficiar mais de sete mil habitantes. Delfina Coxe desabafou que já estava cansada de percorrer grandes distâncias para ir buscar água. “Com a energia em casa, agora vou comprar electrodomésticos e uma antena parabólica. Quero ver os programas da televisão”.

António Francisco Alexandre, de 15 anos, acelerava a passada enquanto carregava alguns recipientes de água no velho carro de mão. Aproximava-se a hora do rapaz ir para a escola e ainda lhe faltavam mais alguns bidões de água para levar para casa. “Tenho de acelerar para não me atrasar. A minha sorte é que o fontanário não fica distante da minha casa, senão corria mesmo o risco de faltar hoje, tal como já aconteceu muitas vezes, por isso estou muito feliz por o Governo estar a fazer boas coisas”, reconheceu.

Quimalalo e Denga com melhores dias

Na aldeia Quimalalo, município do Songo, o governador inaugurou uma escola com 12 salas, gabinetes administrativos, casas de banho e um campo multiusos. A nova escola vai receber alunos do ensino primário, do primeiro e do segundo ciclo do ensino secundário. Paulo Pombolo entregou ainda material desportivo (equipamentos e bolas) para a massificação do desporto escolar na localidade.

Na regedoria do Denga, localizada na margem do rio Lucunga, a cerca de 22 quilómetros da sede municipal, com aproximadamente 2.417 habitantes que se dedicam à produção de banana, mandioca, milho, feijão, ginguba e batata-doce, o governador inaugurou um posto de saúde e uma escola de seis salas, e distribuiu bens alimentares, cobertores, roupa usada, reservatórios para água, rádios, brinquedos e cadeiras de rodas para os deficientes locais.

O posto de saúde do Denga, devidamente apetrechado com equipamentos modernos, possui uma sala de observação, área de recepção dos pacientes, sala de tratamento e um consultório médico. O regedor Artur João, que agradeceu ao Governo pelo gesto, referiu que a regedoria já beneficiou, também, da reabilitação da estrada que liga a localidade à sede municipal, melhorando assim o processo de escoamento dos produtos cultivados na localidade.

Manuel Domingos, Gabriel Morais e Simão Joaquim José, três jovens deficientes maiores de 18 anos, que receberam cadeiras de rodas, tal como a menina Elisabeth Jeta, de 15, disseram em uníssono ao Jornal de Angola, que nunca na vida tinham tido uma cadeira de rodas. “Estamos muito felizes com este presente que o governador preparou para nós”.

A população da regedoria do Denga, feliz com os ganhos da paz e em jeito de agradecimento, ofereceu ao governador vários produtos cultivados na localidade.

Ganhos da paz são visíveis

As ruas da vila municipal do Songo estão agora bem iluminadas. Depois das visitas efectuadas às obras de construção de 200 moradias no bairro 1º de Maio, da nova sala para pacientes e familiares no átrio do hospital municipal e da inauguração do sistema de água potável, o governador carregou no botão da nova central eléctrica de 650 kva, que passa a fornecer energia a mais de sete mil habitantes da localidade.

“A população, que andava vários quilómetros à procura de água, a partir de hoje já pode acarretá-la a partir das torneiras da sede do município, mais próximo das suas casas. Agora inaugurámos o sistema de iluminação pública. São empreendimentos que custaram muito dinheiro aos cofres do Estado, mas que são muito importantes e necessários para resolver os vários problemas que afectam as populações locais e, consequentemente, para desenvolver o município”, afirmou Paulo Pombolo.

O Songo tem dado passos significativos rumo ao desenvolvimento sustentado da região. Apesar de ainda existirem algumas dificuldades, a localidade passou a ter, nos últimos anos, muitas escolas, unidades de saúde, sistemas de abastecimento de água e energia eléctrica.

A administradora municipal valorizou a participação e colaboração dos quadros locais e da população em geral nas acções de combate à pobreza na região. Manuela Cardoso referiu que os Programas de Combate à Pobreza e de Municipalização dos Serviços de Saúde estão a permitir que sejam construídos vários empreendimentos sociais.

No bairro Mbau II e na aldeia Quitala, por exemplo, estão a ser construídas 25 casas evolutivas em cada uma das localidades. Um novo mercado está a ser erguido na sede municipal do Songo, enquanto na aldeia Quinianga está a ser apetrechada uma escola de seis salas e construída a residência para os professores.

Outras obras de construção de duas escolas de quatro salas cada, segundo a administradora, decorrem na sede municipal do Songo. Manuela Cardoso avançou que, nas localidades de Quingonga, Banza Luanda e Zulumongo estão a ser erguidas escolas de seis salas. As estradas Songo/Quingonga e Quitala/ Quinvuenga estão a ser reabilitadas. O Centro Infantil Comunitário está a ser construído na sede municipal e o jango comunitário na aldeia Tema. “Estamos também a reabilitar as residências dos médicos”, concluiu.

Uíge em reconstrução

“Estamos numa corrente da reconstrução do país, que começou em 2002 e, em dez anos de paz, várias mudanças e progressos são visíveis nas diferentes regiões do país”, afirmou o governador. Paulo Pombolo acredita que a maioria dos problemas que afectam a província vai ser equacionada o mais rápido possível, apesar das dificuldades de vária ordem que a população da província ainda enfrenta.
“Precisamos melhorar a circulação de pessoas e mercadorias nas estradas do município. Estamos preocupados em melhorar a circulação na estrada do Uíge/Songo. É uma estrada nacional que vai até ao município do Nzeto, na província do Zaire. Por isso, se estiver reabilitada e asfaltada, vai permitir que haja circulação rodoviária condigna e melhorar o escoamento de mercadorias entre as duas localidades”, especificou.

Uma das apostas do Governo Provincial para o desenvolvimento do Uíge é a activação das Minas de Mavoio, muito ricas em cobre. Mas para que esse mineiro seja exportado, explicou Paulo Pombolo, é preciso que as vias estejam devidamente reabilitadas para evacuação do mineral.
O aeroporto do Uíge também está a ser reabilitado e em breve, garantiu o governador, quem não gostar de viajar por estrada, que possui cerca de 197 curvas até à capital do país, pode fazê-lo de avião, se quiser, por exemplo, resolver vários problemas num só dia.

                                                                                                             J.A