Por José Bule-Uige
A entrada em funcionamento de 25 novas escolas, permitindo o aumento da população estudantil, a conclusão da primeira fase do processo de bancarização dos salários dos professores e a inclusão da disciplina do empreendedorismo nas escolas do ensino secundário, são as iniciativas de maior relevância desenvolvidas, este ano, pela Direcção Provincial da Educação do Uíge.
Maculo Valentim Afonso, director provincial da Educação, disse que o balanço é positivo, independentemente das dificuldades. Este ano, foram matriculados 300.210 alunos, contra os 280 mil
do ano passado. A entrada em funcionamento de mais 25 novas escolas permitiu o aumento.
O director provincial da Educação destacou, este ano, a participação dos professores em vários seminários nacionais. “Mas o destaque deste ano foi o lançamento da disciplina do
empreendedorismo nas escolas do ensino secundário da província, para que os alunos saiam das escolas com uma certa visão e, poderem, futuramente, levar avante as suas vidas sem contarem apenas
com o funcionalismo público”, declarou.
Do ponto de vista administrativo, disse Maculo Valentim Afonso, “adequamos o funcionamento das repartições municipais, porque a Direcção Provincial da Educação não pode funcionar se não
tiver uma boa articulação com as repartições”, disse.
Maculo Valentim lembrou que, no passado, o trabalho das repartições era ineficaz, faltava coordenação e maior fluidez de informação entre as repartições municipais, a Direcção Provincial e o
ministério de tutela, sobretudo no que toca à uniformização dos dados estatísticos.
A primeira fase do processo de bancarização dos salários inclui cinco mil professores, dos municípios do Uíge, Quitexe, Songo, Negage e Sanza Pombo. De salientar que, até no princípio deste ano,
os professores da província não tinham os seus salários bancarizados.
Aproveitamento escolar
O nível de aproveitamento dos alunos foi positivo e atingiu 70 por cento. Mas, segundo o director da Educação, o sector continua a enfrentar os mesmos problemas do ano passado. “Continuamos com
défice de salas de aulas, particularmente na cidade do Uíge, porque as famílias continuam a concentrar-se no município sede, onde o crescimento populacional não é compatível com o crescimento das
infra-estruturas, portanto, nós temos mais dificuldades em albergar crianças na sede provincial do que nos demais municípios”, sublinhou.
O sector da Educação necessita de mais de 600 salas de aulas para resolver o problema. De fora do sistema normal de ensino estão 14.663 crianças. Em termos de professores, há um certo equilíbrio.
A província tem12.650 professores. Maculo Valentim referiu que, o maior problema, em relação ao processo de enquadramento de professores, está no ensino secundário do segundo ciclo,
onde o défice é de pelo menos 600 professores. “Temos escolas secundárias do segundo ciclo em todos os municípios da província, mas é difícil encontrar professores para assegurar as
aulas do segundo ciclo”, esclareceu. Sobre o papel do Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) do Uíge na formação de professores, o director provincial Maculo Valentim Afonso disse que
“muitos dizem que o ISCED do Uíge está a formar professores, mas há uma questão que é preciso analisar. O formando do ISCED do Uíge, que dentro de alguns anos vai estar formado, já é professor,
portanto nós precisamos de novos ingressos”.
Magistério Primário
Na projecção para 2011, a Direcção Provincial da Educação projectou a construção de um Magistério Primário, para formar professores. No próximo ano, o sector da Educação prevê ainda admitir pelo
menos 2.600 docentes, para os diferentes níveis de ensino e avançar com a segunda fase do processo de bancarização de salários dos professores.
“Se estas projecções das nossas necessidades forem atendidas, estamos em condições de resolvermos o problema. A qualidade do ensino preocupa-nos, sobretudo em relação ao ensino primário. É
neste âmbito que nós projectamos a construção de um Magistério Primário. Em Janeiro, vamos começar a segunda fase do processo de bancarização de salários, que pensamos concluir até ao final do
ano de 2011. O objectivo é melhorar consideravelmente este quadro”, afirmou.
Nos municípios onde não há agências bancárias, continuou, vamos trabalhar na política de proximidade, bancarizando os salários destes professores nos municípios mais próximos do seu local
de trabalho. Mas referiu que, em relação aos docentes que labutam nas zonas mais recônditas da província, vão continuar a receber os seus salários em mão. “As tecnologias de informação vão
ser a grande aposta da educação do Uíge, em 2011. Vamos estender o uso dos meios informáticos às repartições municipais, tendo em conta que muitas áreas da educação ainda fazem o tratamento dos
conteúdos estatísticos de forma manual, por isso mesmo, muitas vezes a fidelidade da informação ainda deixa algumas dúvidas. Se tivermos um banco de dados, a actualização é rápida e permanente”,
concluiu.
J.A