Por Daniel Zola.
Entre os colonos portugueses residentes na Damba em 1961, há quem merece louvores, por ser amigo dos dambianos, o verdadeiro herói da Batalha Damba no sentido humanitário, preocupou-se das almas dos africanos, graças a ele, muitos dambianos safaram-se nas mãos da Pide, este português chamava-se Nicolau Francisco.
Era comerciante de café, como o Sr J.N. Ferreira, sua residência na vila da Damba situava-se no cruzamento entre a estrada principal e a estrada da padaria principal da vila, os que não viveram no tempo colonial, é a casa onde habitava o empresário Afonso Toko, antes de construir a sua própria residência no bairro Sanzala Artista.
Quando os militares portugueses vindos da metrópole, já controlavam a situação militar na Damba, a máquina poderosa da Pide meteu-se em marcha, para empedir novos ataques por partes dos nacionalistas. A Pide decidiu decapitar a elite Dambiana, apesar de a maioria da população, encontrar o caminho do exílio, no visinho Congo-Belga. Com efeito, todos homens lúcidos, notáveis, sobas e sobretudo negociantes transfrontaleiros foram persecutados, assassinados, outros sofreram torturas e prisões. Muitos nativos, entre os que não tiveram o tempo de refugiar no Congo Belga, foram obrigados cooperar com a Pide em troca da vida. Entre Junho e Setembro de 1961, a Pide utilizou a mesma violência que os nacionalistas, só que aumentou graus na escala do terror.
No artigo-testemunha que o prezado Sr J.N. Ferreira envoiu a este portal (ver Batalha da Damba (3) ), o Sr Nicolau, pelos seus conselhos, evitou que se queimasse todas as aldeias circundantes da vila da Damba.
Como era o principal cliente de muitos dambianos produtores de café, o Sr Nicolau salvou muitos deles, avisando-os de antecedência, quando estavam a ser procurados pela Pide. Assim aconteceu com o Lumingo Zola, um dos líderes da revolta. Por duas vezes o Sr Nicolau enviou pessoas da sua confiança para avisar-o do perigo eminente. A primeira, como foi denunciado pelo Cabo Mbengi, este apareceu em casa do nacionalista acompanhado de agentes da Pide, minutos depois de ter deixado a casa, para se refugiar na Bacha (fazenda) de Kiyembe, numa das suas propriedades. Como o Cabo conhecia a fezenda, organizou-se a sua captura, pela segunda vêz, o Sr Nicolau envia emissários no Soba Kiala kia Ntalo, o cunhado do fugitivo, para lhe prevenir. Lumingo Zola, foge para o Congo Belga, onde foi se juntar com os outros nacionalistas angolanos agrupados no seio do Governo Revolucionário Angolano no Exílio, GRAE.
Pela sua coragem, o que era raro naquele tempo, o senhor Nicolau Francisco, salvou vidas dos dambianos o que agradecemos bastante.