Por Dr. Camilo Afonso Nanizawu Nsaovinga
Kya mbote kyeno. É bom ver e ler os pronunciamentos dos Mindamba. Pensando o amanhã do nosso município. Como é tão contagiante o pensamento de preservarmos o nosso património material e imaterial! As nossas danças e cantares. Há muito venho maturando este pensamento, mas, os condicionalismos que isto implica deixa-nos sempre na retranca. Agora posso dizer, que é possível fazermos juntos um projecto cultural capaz de galvanizar todos nós no revivamento da Ndamba.
Quantos não estão a se recordar dos nossos exímios mestres de masikilu, dos batuqueiros e bailarinos de Nkama-Ntambu. Quando voltaremos a ver aqueles mestres-mágicos que cortavam a língua, a bariga e mostrarem as víceras internas? Como não nos relembrarmos dos mestres que plantavam a bananeira e vê-la crescer e amadurecer as bananas, alí mesmo no largo da nossa igreja da Vila, defronte a administração municipal e do Clube. Que lindas recordações!
Casamento (Nkama Longo) de mindambas nos anos 50. (imagem De A.M. de Martins Morais )
Quantos governantes coloniais não se fascinaram com as lindas mobílias de junco feitas pelos nossos mestres marceneiros, José Flávio de Carvalho (pai d artesãos Bastao Grande Flávio, do Académica), do Tio João da Costa, Kyala kya Kinteka, ali no bairro da Missão, junto ao controlo para quem vai ao Kinsanga. O grande mestre cadeirista, Mfumu Nteka Kya Kwama (pai do memorável D. Afonso Nteka), Mfumu Luis Castelhano, Mfumu Paulo Tana, Mfumu João Paiva, Mfumu Paulo Tana, e muitos outros que a seu tempo iremos registando, claro com o apoio de todos nós. Como não nos recordarmos dos grandes alfaiates da Ndamba, muitos dignos makota-ma-ngimbu, Mfumu Mizele Nkosi, Mfumu Luvumbu- lwa- Bula, Mfumu Sebastião Kinyengo, Mfumu Mbunga-Mbunga, Mfumu Mbuta Nsusu, este, quantas roupas e patalonas de "Boca do sino" não fez ali na varanda da loja do Sr Mário Rolo e Maria-ma-Lutezo (mãe do grande Coelho-Nlumba) .E quem vai se esquecer do Grand Sembady, o alfaiate da juventude Dambense.
Seria injusto não falar do nosso Grande Mfumu Foseka (Fonseca), aqueles pães bem
quentinhos, cujas orelhas do pão desapareciam logo que chegasse à mão de cada criança. Alguém se lembra da margarina vaqueiro, tão deliciosa com que se comia este famoso pão fumegante do Ti
Fonseca? e porque não nos recordarmos dos mikates da nossa Avó Massanga-ma-Nyangi! Que lindo relembrarmos desta Ndona musi-Ki-Nzinga, tios paternos dos meus pais, Mfumu Mpanzu-a-Nsaovinga, Mfumu
Landa-dya-Nasovinga, Nsambu-a-Nsaovinga, Nzumba-a-Nsaovinga, Mavandu-ma-Nasovinga, Mbunga-a-Nsaovinga, filhos de Kazinga -kwa-Mpanda.Todos sobrinhos direitos do Grande Mfumu Kyala- kya-Ntalu. Não
é vaidade, é a nossa identidade para amanhã não nos dizerem que somos estrangeiros.Tu ana Nsi. Somos mesmos filhos desta terra linda, Ndamba.
A propósito, este é o mês do nascimento da Ndamba como Concelho Administrativo, 05 de
Outubro de 1911. A Ndamba completou os seus Cento e Um anos de Vida! Que vivam os Mindamba, a kundi (amigos) . Quão é bom estarmos irmanados no pensamento sobre a terra que nos viu nascer. Agora
precisamos passar para as acções práticas.A reconstrução do município. Já não adianta estarmos a mandar recados. Vamos agir como nos ensinararm os nossos antepassados:" tulambidi ye mazi,e nguba
nfuki".Ou ainda," Nalwaka va sawu,sawuzioka,e manata sawu mayingi". Twendi kumona,ka twendi ku kambwa ko". Masikilu, sanji, ngonge. kaba ye makinu ma nsietu, tusinga vutuka! A todos os filhos,
naturais e amigos da Ndamba por mais este aniversário do nosso município, os meus votos de Feliz Aniversário da Ndamba! Yakola ya syama.´nvula za wonsono!
Fonte: Grupo ANADAMBA / facebook