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Portal da Damba e da História do Kongo

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Página de informação geral do Município da Damba e da história do Kongo


Damba,1945-1953 (19)

Publicado por Nkemo Sabay activado 8 Junio 2011, 12:59pm

Etiquetas: #Fragmentos históricos da Damba

 

Por Dr MANUEL ALFREDO DE MORAIS MARTINS.(Administrador da Damba 1945-1953).

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Outras visitas oficiais.

 

Foram inúmeras as visitas oficiais que recebi na Damba, umas com verdadeiro agrado e outras apenas por dever de ofício. E em ambos os casos tinha de as agasalhar na minha residência, pois era esse o procedimento padronizado em Angola desde há muito.

 

Quando os visitantes eram educados e simpáticos, a sua presença tornava se agradável, até por quebrar a rotina da vida de todos os dias. Entre estes destacavam se os governadores subalternos. Enquanto a Damba fez parte da antiga província de Luanda, só me lembro da visita do governador capitão José Diogo Ferreira Martins que, passado pouco tempo foi transferido para Moçambique onde passou a governar a província de Manica e Sofala, com sede na Beira. Mais tarde foi nomeado governador da colónia de Cabo Verde e terminou a sua carreira como inspector superior de administração ultramarina. Quando foi aposentado, por limite de idade, em 1967, fui eu promovido àquela categoria na sua vaga.

 

Com a criação, em 1948, da província do Congo, com sede na vila do Uige, designada mais tarde por Carmona, em homenagem ao presidente da república de então, passaram a ser mais assíduas as visitas dos governadores. Nos primeiros meses de vida da nova província esteve vago o lugar de governador, assumindo as funções de encarregado do governo o chefe da Repartição Provincial deAdministração Civil, intendente de distrito Rui Leitão. Por mais de uma vez visitou a Damba e do seu convívio guardo as melhores recordações.

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Rui Leitão era um funcionário distinto e um verdadeiro gentleman, que tinha ido para Angola nos primeiros anos da década de vinte, como tantos outros jovens, filhos de famílias das classes alta e média alta, que foram atraídos pela exaltação nacionalista que acompanhou o surto de progresso devido à acção do Alto Comissário General Norton de Matos.

 

Distinguia se Rui Leitão pela inteligência, honestidade e correcção, qualidades de certo foi sendo protelado o seu pagamento, apesar de repetidas diligências do fornecedor. modo ensombradas, por vezes, por procedimentos não inteiramente curiais em termos de estrita regularidade burocrática. Dele se contavam muitas histórias engraçadas e eu próprio fui testemunha de algumas das suas saídas espirituosas. Foi no decorrer do aludido exercício da função de encarregado de governo que se passou o episódio que agora vou relembrar e que, para mim, é dos que melhor definem a sua graça espontânea.

 

Naquele ano a colónia ainda não tinha saído, de todo, do período de dificuldades de toda a ordem que a segunda guerra mundial ocasionara e que se reflectia em todos os sectores de actividade, nomeadamente no das comunicações. Linhas de caminho de ferro eram poucas e para o transporte de pessoas, mercadorias e correio o que ia valendo eram as carreiras de camionagem que já constituíam uma apreciável rede. A Divisão dos Transportes Aéreos (D.T.A.) estava na sua infância, com escasso pessoal de voo e com poucos aviões. Carreiras aéreas regulares contavam se pelos dedos de uma só mão. O Sul e o planalto central eram as zonas mais bem servidas e era nelas que se situava a maioria dos aeródromos. No Noroeste apenas existiam, salvo erro, pequenos e pouco seguros campos de aterragem, de terra batida, em Cabinda, em Santo António do Zaire e no Toto.

 

Continua...

 

                                                     Com a colaboração de João Garcia e Artur Mendes.

 

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