Por Isaías Soares
No KwaNza-NorTe, o secretário provincial da Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), Fernando Caculo Manuel, mostrou-se apreensivo pelo incumprimento global do acórdão do Tribunal Constitucional por algumas instituições.
Em declarações ao telefone, a partir do município de Cazengo, o político disse que há margem no programa do líder da organização, Lucas Ngonda, em facilitar a harmonização e coesão interna, que
tem conseguido êxitos. “Mas há questões que estão a alimentar a desunião partidária”, evidenciou.
Em algumas localidades do país e da região do Kwanza-Norte, em particular, muitas bandeiras da organiza-
ção política da FNLA continuam a ser hasteadas pelos aderentes de Ngola Kabangu, assim como permanecem nas comissões provinciais e municipais eleitorais os membros indicados e que são contrários
ao pensamento da actual direcção.
“O que está a alimentar essa coragem é a existência de comissários, de elementos que não cumprem as directrizes do partido autorizado pelo Tribunal. Esta prática tem estado a alimentar, a
encorajar a disparidade no partido”, acautelou Fernando Caculo Manuel.
Segundo aquele político, os órgãos de justiça angolanos deveriam fazer cumprir as decisões tomadas,
exemplificando, com a presença no parlamento anterior de “indivíduos” que não obedeciam às ordens da direcção “legal” da Frente Nacional de Libertação de Angola, práticas que têm de “acabar”.
“Gostaríamos de gritar bem alto que o tribunal faça cumprir as suas duas decisões (acórdãos 109 e 110), porque foi o tribunal que determinou, com base nos estatutos do partido e nos resultados do
congresso de 2004, que o irmão Kabangu não era a pessoa ideal para dirigir o partido”, apelou aquele responsável.
Em relação ao crescimento de militantes do partido nos 10 municípios do Kwanza-Norte, Fernando Caculo Manuel recusou-se a revelar, temendo represálias por parte de indivíduos do governo ligados
ao partido no poder.
“Ainda não estamos realmente em verdadeira democracia. Os nossos jovens, os nossos militantes, as nossas mamãs, uma vez conhecido que são militantes da FNLA, já não têm a possibilidade de serem
professores, enfermeiros, enfim”, lamentou.
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