Por Luís Fernando
Muito em breve, a política nacional entrará novamente em ebulição, no cumprimento de uma premissa essencial da Democracia que é a escolha, de tempos a tempos, de quem governa. O país vai a votos no segundo semestre de 2017, para dar seguimento ao movimento iniciado em 1992 (interrompido por uma devastadora guerra de dez anos) e retomado em 2008, acertando o passo em 2012. Está a caminho, portanto, o quarto pleito eleitoral. Discretamente, ou nem tanto, as forças políticas que compõem o nosso mosaico pluripartidário já se movem e cada uma fá-lo do modo como entende mais adequado à sua estratégia.
Os eleitores, entre os que repetirão o acto cívico de ir às urnas e os jovens que o farão pela primeira vez, posicionam-se na arquibancada e vão assistindo às diferentes movimentações. Começa aqui, como é da praxe, o processo de identificação com o que se deseja e o que se rejeita, em função do poder de sedução ou da capacidade de auto-destruição contida nas mensagens que cada partido ou coligação emite. O fenómeno será particularmente decisivo para o caso dos novos eleitores, na sua maioria jovens munidos da sua própria forma de lidar com a política e as lógicas partidárias. Neste contexto de exposição inicial ao eleitorado, entre o muito que já vai acontecendo, chama singularmente a atenção – pelas piores razões – a bagunçada endémica que grassa pelas trincheiras de um dos três partidos históricos, a FNLA, que disputas pelo poleiro converteram num decepcionante caso de política sem futuro. Já quase não tem graça dedicarem-se linhas de jornais, tempos de antena em TV e espaços de rádio, os nobres sobretudo, ao caso perdido que parece ser esta ziguezagueante novela que descaracterizou a FNLA, a vulgarizou e a deixou em fanicos.
Uma batalha de bastidores com episódios rocambolescos e que, chegados ao ponto a que chegámos, já só nos pode restar como saída provável uma reinvenção do que não se sabe bem o que terá de ser. O desnorte é de tal maneira grande que um básico inquérito de rua dar-nos-ia certamente um resultado estonteante: uns diriam que o presidente da FNLA é Ngola Kabangu, outros tantos diriam que é Lucas Ngonda. O sobe-e-desce e a confusão misturaram-se de uma maneira tal que o que acontece no interior do movimento que estremecia Portugal colonizador com as suas acções militares nas décadas de 60 e 70 já é um amontoado de episódios que se captam e descartam a uma mesma velocidade. Está de todo o partido que foi a UPA que estremecia! Um dia acorda com o líder a destituir dois ou três do seu Bureau Político, depois fecha a jornada com a conta bancária a mudar de mãos.
Ninguém mais se dá ao trabalho de fixar nomes, não faz mossa quem entra ou quem sai, e a banalidade faz um estrago de tal maneira irreparável que toda a gente se pergunta como é possível e com quê motivação alguém se dá ao trabalho de oferecer o seu voto a tão deslustrada manta de retalhos. Só mesmo um milagre e feito por um exército de santos (porque com um apenas não se chega lá!) para se ter um corpo com forma de partido político. Se tal milagre não surgir, na plateia eleitoral todos continuarão a perguntar-se que coisa é essa que dá pelo nome de FNLA ?!
Via o país