O Partido Democrático para o Progresso e Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA) remarcou, para os dias 26 e 28 de Março próximos, a realização do II congresso extraordinário, revelou ao Agora o porta-voz da organização do conclave, José Pires Nzumbo.
Apesar de um clima de calma no seio do partido, advinham-se mais crispações pela ala liderada por Abreu Capitão, que também é chamada 'quinta coluna', tal como o apelidou o seu líder, Sediangany Mbimbi, na medida em que, até à data do anúncio sobre a realização do congresso, o presidente não se tinha ainda pronunciado e nem havia candidaturas perfiladas para aceder democraticamente à liderança da agremiação.
De há algum tempo a esta parte, as clivagens na liderança de Abreu Capitão têm-se mostrado contrárias à chefia de Sediangany Mbimbi, o que poderá ser um calcanhar de Aquiles para o actual líder. Em finais do ano passado, Abreu Capitão tinha convocado a realização do congresso, sem anuência da direcção do partido.
Na altura, o político acabou por dar o dito por não dito e adiou a realização do conclave, argumentando que existia incompatibilidade de agenda dos seus membros com o exercício de funções nas instituições do Estado. "Achámos por melhor adiar, pois a maior parte dos membros é professor e estudante e só está disponível no mês de Março, data em que o partido completa mais um ano", disse o porta-voz.
Abreu Capitão é secretário provincial da Huíla do partido e referiu que o PDP-ANA vai abordar assuntos sobre a vida interna, visando as eleições gerais de 2017 e eleger o presidente. Capitão disse, igualmente, que o congresso visa retirar o partido do marasmo em que se encontra e evitar que seja extinto caso não participe nas próximas eleições, tal como aconteceu em 2012.
Em reacção, Abreu Capitão foi acusado de ter desviado fundos da formação e de ter praticado actos indecorosos na Namíbia. Aliás, ocorrem informações de que, por detrás das clivagens no seio do PDP-ANA, está uma mão invisível que, ao que tudo indica, afecta a um ex-presidente de partido já extinto. Segundo relatos chegados ao Agora, Sediangany Mbimbi não está de acordo com a realização do conclave e, por esta razão, não participará.
Fonte do nosso semanário disse tratar-se de um golpe ao líder do partido democraticamente eleito em 2005, na medida em que, à luz dos estatutos, deveria ser ele a convocar o congresso e não outra militante. Notícias veiculadas a semana passada referem que estão disponíveis 50 milhões de Kwanzas, resultantes de contribuições de militantes, empresários e amigos do partido, destinados à realização do conclave.
O conclave, que a fonte considerou como sendo o de "tirar o partido do marasmo em que se encontra", desde a realização das eleições gerais de 2012, nas quais o PDP-ANA obteve apenas 0,5 por cento para permanecer ainda na política activa, já tem dois candidatos: Simão Makazu, coordenador desta Comissão de Gestão (CG) e Maria Nana, delegada na província do Namibe.
O antigo secretário-geral, Malungo Belo, é também apontado interessado em concorrer para ocupar o cadeirão mais alto do partido. Professor de Filosofia no Instituto Superior de Ciências de Educação (ISCED) de Luanda, Malungo Belo é um político muito discreto e mantém-se sempre longe dos holofotes da imprensa, desde que congelou a sua militância activa no partido, em 2008. Em contrapartida, Sediangani Mbimbi minimizou o assunto, reiterando que "a suposta Comissão de Gestão não vai a lado nenhum, porque, se realizar o dito congresso, o Tribunal Constitucional vai agir em defesa da legalidade".
Mbimbi é acusado de nunca ter visitado sequer uma única província a título de ajuda e controlo, mas admite que a lei está do seu lado. "Este congresso é ilegal", disse lacónico o líder do partido fundado pelo malogrado Nfulumpinga Nlandu Victor, cujas pessoas que o mataram nunca foram desvendadas.
Via Agora