Overblog
Edit post Seguir este blog Administration + Create my blog

Portal da Damba e da História do Kongo

Portal da Damba e da História do Kongo

Página de informação geral do Município da Damba e da história do Kongo


Novas escavações em Mbanza Congo trazem outras revelações históricas

Publicado por Muana Damba activado 24 Agosto 2014, 04:25am

Etiquetas: #História do Reino do Kongo

Por Ramiro Aleixo

Elementos recolhidos no novo processo de escavações em Mbanza Congo, iniciado em Maio, e enviados para laboratórios sérios e credíveis para a datação, confirmam já que o Tadi-di-a Bukikwa, conhecido como o palácio real dos reis do Congo, foi construído entre 1435 a 1496, antes da chegada dos ocupantes portugueses, facto que poderá facilitar o reconhecimento pela UNESCO como património da humanidade

Depois de, no mês de Fevereiro, terem recomeçado as escavações arqueológicas da cidade de Mbanza Congo, muitas eram as expectativas que animavam os pesquisadores. Ao tomar tal decisão, o Executivo, por via do Ministério da Cultura, demonstrou continuar a acreditar e, por isso, apostou seriamente no projecto ‘Mbanza Congo, cidade a desenterrar para preservar’.



Foi na senda de se fazerem novas descobertas para clarificar melhor parte importante de capítulos da nossa história e da de parte da região que teve início entre Maio e Julho
mais um ciclo exploratório de escavações que foi concluído com resultados promissores.


De acordo com fontes ligadas ao Ministério da Cultura,elementos fundamentais recolhidos a certa profun-didade numa área correspondente a um campo de futebol permitiram aos pesquisadores encontrar e recolher importantes elementos de referência da vida do antigo Reino do Congo, catalogados e, posteriormente, enviados para laboratórios sérios e credíveis para análises mais aprofundadas que permitiram a sua datação. Segundo fontes do Agora, esse é o primeiro passo a seguir para se avançar (ou não) para outros pressupostos no domínio da arqueologia.



De acordo ainda com a nossa fonte, a equipa inicial de pesquisa integrou vários arqueólogos portugueses que manifestaram sempre o seu cepticismo quanto a uma fundamentada evolução do sistema de vida no Reino do Congo, muito supe-
rior ao período de referência da chegada dos portugueses.


Estes resultados dos estudos aos artefactos recolhidos e analisados por laboratórios de reconhecida idoneidade, ao contrário do que se sustentava como sendo obras edificadas pelos portugueses, para a surpresa dos próprios investigadores envolvidos no projecto, confirmam que os nossos antepassados, tidos como atrasados, edificavam obras e faziam já muitas coisas de grande relevância, que, mesmo sem contacto, se equiparam a outras espalhadas pelo mundo.



Os elementos recolhidos no Tadi-dia Bukikwa, conhecido como o palácio real dos reis do Congo, data do período entre 1435 a 1496, em que, conforme a história, os portugueses ainda nem sequer sonhavam chegar a Angola. De acordo com os elementos de cultura disponíveis, a primeira caravela da qual desembarcaram os primeiros exploradores que encetaram contacto com as autoridades locais chegou ao Porto do Ponda, na posta do município do Soyo, em 1483, e só 10 anos depois, em 1492, a Mbanza Congo.

A PENETRAÇÃO COLONIAL PORTUGUESA.

Rainer Gonçalves Sousa, mestre em História, declarou que, em 1482, momento em que o navegador lusitano Diogo Cão alcançou a foz do rio Zaire, foi encontrado um governo monárquico fortemente estruturado, conhecido como Congo. Este contacto ocorreu durante o processo de expansão marítimo-comercial de Portugal, em que os portugueses se abriram às várias culturas que já se mostravam consolidadas pelo litoral e outras partes do interior do continente africano.



Fundado por volta do século XIV, ainda segundo este mestre em História, este Estado centralizado dominava a parcela Centro-Ocidental da África. “Nessa região, encontrava-se um amplo número de províncias, onde vários grupos da etnia Bantu, principalmente os bacongo, ocupavam os territórios”. Apesar da feição centralizada, destaca ainda, o reino do Congo contava com a presença de administradores locais provenientes de antigas famílias ou escolhidos pela própria autoridade monárquica. Era um reino com uma estrutura organizativa sólida e perfeitamente implantada e hierarquizada.

Rainer Sousa acrescenta, no seu estudo, que, “apesar da existência destas subdivisões na configuração política do Congo, o rei, conhecido como Manicongo, tinha o direito de receber o tributo proveniente de cada uma das províncias dominadas. A principal cidade do reino era Mbanza, onde aconteciam as mais importantes decisões políticas de todo o reinado. Foi nesse mesmo local onde os portugueses entraram em contacto com esta diversificada civilização africana”.


O historiador refere ainda, nesta sua contribuição sobre o conhecimento da Idade Moderna, que “a principal actividade económica dos congoleses envolvia a prática de um
desenvolvido comércio no qual predominava a compra e venda de sal, metais, tecidos e produtos de origem animal”. A prática comercial poderia ser feita através do escambo (trocas) ou com a adopção do nzimbu, uma espécie de concha somente encontrada na região de Luanda.


COMÉRCIO DE ESCRAVOS.

O contacto dos portugueses com as autoridades políticas deste reino, dá igualmente, conta o historiador, teve grande importância na articulação do tráfico de escravos.


Uma expressiva parte dos escravos que trabalharam na exploração aurífera do século XVII, principalmente em Minas Gerais (Brasil), era proveniente da região do Con-
go e de Angola. Segundo referem estudos sobre o “tráfico negreiro”, os que chegaram ao Brasil, grosso modo, pertenciam a dois grupos étnicos: os bantus, provenientes do
Congo, de Angola e Moçambique (distribuídos por Pernambuco, Minas Gerais e Rio de Janeiro) e os sudaneses, nigerianos, daomenses e costa marfinenses, utilizados no Nord-
este, mas principalmente na Bahia.


Até à extinção do “tráfico negreiro”, em 1850, calcula-se que tenham entrado no Brasil cerca de quatro milhões de escravos africanos. Mas, como este comércio no Atlântico não se restringiu a este país, estima-se que, por esta via, se tenha movimen-
tado cerca de 11,5 milhões de indivíduos vendidos como mercadoria.


O intercâmbio cultural com os europeus acabou por trazer novas práticas que fortaleceram a autoridade monárquica no Congo, que, em face da penetração da colonização das principais potências europeias, acabou por se desmoronar.


As novas descobertas arqueológicas surgem assim como uma importante fonte que permitirá melhor esclarecimento sobre este reino, um dos mais referenciados do con-
tinente africano.

Via Agora

Airistocratas congueses no sec. XVI (Arquivo)

Airistocratas congueses no sec. XVI (Arquivo)

Archivos

Ultimos Posts